Cabral admite que cometeu “erros de diálogo”
Em entrevista à Rádio CBN, governador do Rio negou que tenha cometido abusos com helicóptero e afirmou ter certeza de que a polícia vai encontrar o pedreiro Amarildo, desaparecido desde o dia 14
O governador do Rio, Sérgio Cabral, admitiu na manhã desta quinta-feira que cometeu erros de diálogo que acabaram prejudicando a avaliação de sua gestão. Desde junho, quando as manifestações se espalharam pelas ruas do país, Cabral é, no Rio e agora também em São Paulo, um dos principais alvos dos manifestantes. “Sem dúvida, cometi erros de diálogo”, disse. “Da minha parte faltou mais diálogo, capacidade de entendimento e de compreensão. Não sou uma pessoa soberba, que não está aberta ao diálogo. A democracia para mim é um bem intangível, imaterial e inquestionável que o Brasil conquistou”, ressaltou.
As declarações foram dadas à rádio CBN, em cerca de 25 minutos de entrevista. Cabral também falou do tema que tem se repetido em todas as manifestações: o paradeiro do pedreiro Amarildo Souza Lima, desaparecido desde o dia 14, quando foi abordado por policiais militares da UPP da Rocinha. “Nós somos os primeiros a querer saber onde está o Amarildo”, disse, citando a redução de índices de criminalidade no Rio proporcionada pelas UPPs. “Tenho certeza que a polícia vai descobrir [onde está Amarildo]. Recebi a família do Amarildo e disse a eles que nós temos todo o compromisso de descobrir o que foi feito e pegar eventualmente responsáveis pelo que aconteceu com ele”.
Protesto no Rio termina com invasão da Câmara Municipal
Cabral evitou dar uma nota as seus dois mandatos. “Prefiro que a população avalie na hora certa”, afirmou. O governador voltou a pedir, “como pai”, que os manifestantes respeitem a residência de sua família – no momento, há um grupo de manifestantes acampados no Leblon, de onde outros grupos já foram retirados pela polícia ao longo do último mês.
Helicópteros – O governador também comentou o uso de helicópteros por ele, secretários e familiares, revelado por uma reportagem de VEJA. Cabral negou que tenha havido abuso. “Não havia nenhum tipo de protocolo de uso (de helicópteros). No Rio de Janeiro, fizemos uma pesquisa para saber onde havia uso protocolado, com regras para uso de helicóptero. Não havia regras. Jamais exagerei, sempre fui pautado pela orientação do gabinete militar”, afirmou.
Cabral também negou que tenha havido superfaturamento nas obras do Maracanã e afirmou que os tribunais de contas acompanharam e acompanham todos os processos.
Eleições – Assegurando que a candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão está mantida para o governo do estado em 2014, Cabral disse que ainda não está decidido o momento de sua saída do governo. Em entrevista ao jornal O Dia, publicada nesta quinta-feira, o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, afirmou que Cabral deixaria o governo em abril, para permitir que Pezão tenha visibilidade. “O presidente do partido tem por obrigação discutir a política e o futuro do partido. Governadores em segundo mandato certamente neste momento estão discutindo com seus partidos o que farão em 2014. Em 2010, em Minas Gerais, Aécio Neves deixou o mandato para disputar o mandato para disputar o senado. Estamos analisando. São várias hipóteses”, disse.
Policial acusado de forjar prisão de manifestante responde por homicídio e agressão
No Rio, vândalos estragam a marcha pacífica
Com o triplo da multidão, Rio tem noite de pancadaria
Vandalismo é o tiro pela culatra das manifestações
Segundo protesto perde ar pacífico e parte para o confronto
Manifestação pacífica pede fim da concessão do Maracanã
Protesto termina com bombas e correria no Leblon