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Cabo Daciolo usou verba da Câmara para alugar helicóptero

Deputado pediu reembolso de R$ 5 mil por fretamento de aeronave para comparecer à paralisação de caminhoneiros, em maio

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 21 ago 2018, 21h34 - Publicado em 21 ago 2018, 12h07

Candidato do Patriota à Presidência da República, o deputado federal Cabo Daciolo (RJ) alugou um helicóptero com dinheiro público para ir à greve dos caminhoneiros, movimento nacional que ele apoiou. O pagamento pelo voo, no valor de 5.000 reais, foi feito pela Câmara.

Em 26 de maio, cinco dias após o início das paralisações nas estradas, Daciolo fretou o helicóptero Esquilo de prefixo PT-YDF na Heli-Rio Táxi Aéreo — modelo fabricado pela Helibras em 1997, que tem capacidade para cinco passageiros. O voo durou cerca de duas horas, embora o deputado não tenha chegado ao destino, um encontro com caminhoneiros autônomos na Rodovia Presidente Dutra.

Daciolo decolou do heliporto do Recreio dos Bandeirantes, no Rio, e queria chegar ao km 91 da Dutra, em São Paulo. No caminho, entretanto, o piloto foi obrigado a retornar por causa do mau tempo.

Em julho, Daciolo apresentou nota fiscal para reembolso retroativo, com base na cota parlamentar. O fretamento de aeronaves é permitido desde que tenha como função custear despesas do exercício do mandato. A Câmara não fiscaliza a finalidade dos gastos, mas proíbe atividades de cunho eleitoral. Quando decolou, um dia depois de o presidente Michel Temer (MDB) autorizar o uso das Forças Armadas para desbloquear estradas, Cabo Daciolo já se apresentava como pré-candidato.

O deputado gravou vídeos a bordo do helicóptero, antes e depois de embarcar. E instou os militares a promoverem intervenção no governo. “Entrem em ação aí, militares, prendam os políticos bandidos, que são muitos.” Cabo reformado do Corpo de Bombeiros do Rio, Daciolo também pregou a desobediência dos militares. “Cuidado com a medida que os senhores vão tomar, porque ordem absurda não se cumpre”, afirmou.

“Uma das pautas hoje não só dos caminhoneiros, mas da nação brasileira, se eu estiver errado me corrijam, é a renúncia de Vossa Excelência, presidente temporário Michel Temer. Tá (sic) repreendido em nome de Jesus”, completou. Daciolo também ciceroneou representantes de caminhoneiros no Congresso e no Palácio do Planalto e comemorou com eles a aprovação da medida provisória 832, que criou o tabelamento do preço do frete.

Preso

Por indisciplina, o deputado já havia sido preso e expulso do Corpo de Bombeiros do Rio depois de liderar uma greve em 2011. O fato lhe serviria de plataforma para alcançar seu primeiro mandato. Uma de suas iniciativas foi aprovar na Câmara uma anistia aos bombeiros grevistas, da qual ele mesmo foi beneficiado.

O deputado é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por peculato, suspeito de se apropriar de verbas da cota supostamente gastas com empresas de tecnologia e informática, que administram as redes sociais do deputado e prestam consultorias técnicas ao gabinete.

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Daciolo negou irregularidades e disse que as empresas prestaram serviços efetivamente, conforme despacho do relator do caso, o ministro Marco Aurélio Mello. Ele pediu ao ministro o arquivamento do inquérito e disse que os denunciantes, ex-assessores, agiram por motivação política. O magistrado prorrogou a investigação em junho.

Em sua prestação de contas, Daciolo apresentou recibos de aluguel de um imóvel na Barra da Tijuca emitidos em 2015 em nome de um correligionário do deputado, que já foi candidato a vereador pelo PTdoB (atual Patriota). O gabinete informou que, atualmente, Daciolo não possui mais escritório de representação no Rio. O candidato costuma divulgar nas redes sociais que economiza a verba da cota parlamentar.

Outro lado

A assessora de imprensa e mulher do do candidato à Presidência Cabo Daciolo, Cristiane Daciolo, entrou em contato para dizer que o helicóptero foi fretado quando os postos de combustível já estavam desabastecidos e ele precisava ir ao acampamento de caminhoneiros.

“No momento em que não tinha combustível para nada, ele foi o único que teve entrada dentro do acampamento dos caminhoneiros. E aí não tinha combustível, porque ele rodou direto de carro e parou em pane seca em São Paulo. Como ele ia chegar ao acampamento? Foi quando Daciolo fretou e foi até eles para tentar apaziguar. É viável, é normal, ele não fez nota fria, nada disso. O país estava parado e ele, como político, tem obrigação de tomar partido disso”, afirma Cristiane.

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