Bolsonaro recua e diz que Forças Armadas são comprometidas com democracia
Presidente também negou qualquer tipo de crise política com Índia e China e disse que o atraso no envio de insumos para o Brasil é 'questão burocrática'
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quinta-feira, 21, que as Forças Armadas brasileiras estão “comprometidas” com a democracia e a liberdade. A declaração, feita na sua tradicional live nas redes sociais, é um recuo do presidente, que, na última segunda-feira, disse que são os militares que “decidem” se um país vai viver na democracia ou na ditadura.
“Graças a Deus aqui no Brasil nós temos Forças Amadas comprometidas com a democracia e com a liberdade”, declarou o presidente ao criticar o que ele chamou de “ditadura instalada” na Venezuela. “Um grande pilar da democracia são as nossas Forças Armadas, que jamais aceitariam o convite de uma autoridade de plantão, no caso o presidente da República, a enviesar para um caminho diferente da liberdade, da democracia.”, declarou o chefe do Planalto.
Bolsonaro também afirmou que o atraso no envio de insumos farmacêuticos para a produção de vacinas contra a Covid-19 é apenas uma questão burocrática. Bolsonaro negou qualquer problema político do governo brasileiro com Índia e China, países que fabricam os imunizantes e também os chamados ingredientes farmacêuticos ativos (IFA), que serão usados para a produção, em solo brasileiro, da Coronavac e da dose da AstraZeneca.
“O problema, como o próprio embaixador disse, é burocrático. Não é nada de político, como alguns falaram”, disse o presidente. Durante a live, Bolsonaro estava acompanhado dos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. De acordo com o chanceler, a Embaixada do Brasil em Pequim, capital chinesa, está negociando a liberação dos insumos retidos, cuja previsão de entrega era ainda para este mês.
O presidente negou ainda que o país asiático estivesse fazendo pressão para que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, seja demitido. “Quem demite ministro sou eu. Ninguém procurou, nem ousaria procurar no tocante a isso, assim como nós não faríamos”, disse. Bolsonaro completou afirmando que a China precisa do Brasil tanto quanto o Brasil precisa da China.
Em relação à Índia, Bolsonaro destacou o seu relacionamento do líder do país asiático, Nerendra Modi, para refutar que houvesse qualquer problema entre os países. “O interesse que o Modi tem no Brasil nós também temos na Índia. Um excelente relacionamento. E nada mudou”, disse. Mais cedo, o governo brasileiro divulgou que as vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas em parceria entre a AstraZeneca e a Universidade de Oxford devem chegar ao Brasil nesta sexta-feira, 22, vindas da Índia. Inicialmente, a previsão é que elas chegassem há uma semana. Ao todo, foram contratados 2 milhões de doses, fabricadas pelo laboratório indiano Serum.