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Bolsonaro e Vaccarezza batem boca diante das câmeras

Ex-militar, deputado do PP questionou posição do governo sobre a Comissão da Verdade, que vai investigar crimes ocorridos na ditadura militar

Por Adriana Caitano
13 set 2011, 20h26

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) voltou a causar tumulto na Câmara dos Deputados nesta terça-feira. Depois de bater boca com a deputada Marinor Brito (PSOL) por causa de um kit anti-homofobia e de ser processado na Comissão de Ética por fazer afirmações preconceituosas em entrevista ao um programa de televisão, o ex-militar comprou briga com o líder do governo na casa, Cândido Vaccarezza (PT). Nesta tarde, quando o petista concedia entrevista coletiva sobre a Comissão da Verdade, Bolsonaro surgiu com panfletos nas mãos e questionou a proposta do governo aos gritos.

Vaccarezza estava de frente para as câmeras, afirmando que a proposta de criação da comissão que irá investigar os casos de tortura e desaparecimento de presos durante o regime militar deverá ser votada até o fim do mês. Após observar a fala do líder por alguns minutos, Bolsonaro o interrompeu questionando se os militares seriam punidos caso não colaborassem com a comissão. O petista reagiu: “Eu acredito nas Forças Armadas e na lealdade à hierarquia. O chefe das Forças Armadas no Brasil é a presidente Dilma. Não existe o não colaborar. Se tiver ordem, os militares vão cumprir como sempre cumpriram.”

Bolsonaro continuou a discussão: “Se todos os integrantes serão indicados pela presidente, que isenção essa comissão vai ter? Os comandantes só apóiam isso porque, se não o fizerem, serão exonerados, assim como eu posso demitir um assessor que não me apoiar.” Irritado, Vaccarezza tentou se esquivar. “Aí é problema seu. Isso nós vamos discutir no plenário.”

O deputado e ex-militar elevou o tom de voz, dizendo que o líder estava fugindo do debate. Vaccarezza devolveu: “Mas eu não marquei debate com você!”, ao que Bolsonaro retrucou: “Mas eu estou marcando contigo.” Foi a gota d’água. “Então fale aqui para as câmeras”, disse o petista, abandonando a coletiva e deixando os microfones livres para as reclamações do ex-militar.

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Para Bolsonaro, os militares são contrários ao texto do projeto de lei que cria a Comissão da Verdade, mas não se manifestam por medo de represálias. “Ela terá mais poderes que uma CPI, pois vai colocar o pé na porta dos antigos militares e direcionar as investigações só contra os militares, deixando os atos praticados pelos guerrilheiros, como Dilma, para trás”, criticou. Os itens questionados por ele estão destacados em um panfleto colorido que ele distribui nos corredores do Congresso pessoalmente e por meio de seu e-mail funcional a parlamentares e eleitores.

Empecilho – A rebeldia de Jair Bolsonaro não será o único obstáculo a ser enfrentado pelo governo na aprovação da comissão. Representantes do DEM também disseram que não apóiam o texto como está. “Somos a favor de restabelecer fatos históricos importantes para o país, mas não queremos que o grupo seja passível de interferências políticas nem sirva de palanque para ninguém”, argumenta o líder do partido na Câmara, ACM Neto (BA). “Por isso queremos uma definição clara dos critérios de escolha dos integrantes, que nenhum deles tenha mandato e que alguns sejam indicados pelo Congresso.”

Segundo Vaccarezza, a ideia da oposição não será considerada pelo governo. Na quarta-feira, no entanto, ACM Neto, o presidente do partido, Agripino Maia, e o líder no Senado, Demóstenes Torres (GO), participarão de um almoço com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para tratar do assunto. O ministro está à frente das negociações sobre a proposta e tem trabalhado pela consenso.

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