Bolsonaro diz que não há vídeo ou áudio em que chame Covid de ‘gripezinha’
Em live, presidente ignorou declarações anteriores e prometeu um estudo sobre a efetividade do uso de máscaras durante a pandemia
O presidente Jair Bolsonaro negou na noite desta quinta-feira, 26, que tenha se referido a Covid-19 como uma ‘gripezinha’. “Falei lá atrás que, no meu caso, pelo meu passado de atleta, eu não generalizei, se pegasse a Covid, não sentiria quase nada. Foi o que eu falei. Então, o pessoal da mídia, a grande mídia, falando que eu chamei de ‘gripezinha’ a questão da Covid. Não existe um vídeo ou um áudio meu falando dessa forma. E eu falei pelo meu estado atlético, minha vida pregressa, tá? Que eu sempre cuidei do meu corpo. Sempre gostei de praticar esporte”, disse o chefe do Planalto durante sua tradicional live nas redes sociais.
Ao dar a declaração, Jair Bolsonaro ignora pelo menos duas ocasiões em que usou o termo ‘gripezinha’ ao falar sobre a Covid-19: em 20 de março durante uma entrevista no Palácio do Planalto, o presidente afirmou que, depois da facada que sofreu em 2018, durante a campanha eleitoral, não seria uma “gripezinha” que iria derrubá-lo. “Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar não, tá ok? Se o médico ou o ministro da Saúde me recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui presentes”, disse na ocasião.
Alguns dias depois, no dia 24 de março, Bolsonaro fez um pronunciamento na TV aberta e também usou o termo ao comentar a possibilidade de que poderia ter contraído o coronavírus. “No meu caso particular, com meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão”, referindo-se a um vídeo antigo do médico Drauzio Varella, que chegou a ser retirado de circulação por mau uso nas redes sociais.
Na transmissão ao vivo desta quinta-feira, Jair Bolsonaro, que estava acompanhado do ministro da Educação, Milton Ribeiro, e do secretário de Alfabetização do Ministério da Educação, Carlos Nadalim, disse também que um “estudo sério” será divulgado sobre a efetividade do uso de máscaras durante a pandemia: “A questão da máscara, não vou falar muito porque ainda vai ter um estudo sério falando da efetividade da máscara, se ela protege 100%, 80%, 90%, 10%, 4% ou 1%. Vai chegar esse estudo. Acho que falta apenas o último tabu a cair”.
As autoridades internacionais de saúde e os especialistas recomendam o uso da máscara como uma das formas de prevenir a disseminação do coronavírus.
Plano de imunização
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ainda que um plano nacional de imunização contra a Covid-19 está praticamente pronto e que o governo federal vai adquirir uma vacina tão longo ela seja autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Uma vez certificado pela Anvisa, qualquer medicamento e qualquer vacina, da nossa parte, imediatamente nós providenciamos a compra. E um programa, um plano nacional de imunização está praticamente pronto na Saúde pra gente vacinar quem quer”, disse.
O Ministério da Saúde tem acordo para a compra de doses de uma potencial vacina produzida pela farmacêutica britânica AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, incluindo um pacto de transferência de tecnologia e produção local do imunizante pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O governo federal mantém contato com outros laboratórios estrangeiros que desenvolvem doses contra a covid-19 e que, se aprovadas, também poderão ser adquiridas para imunização geral da população. Nesta quarta-feira 25, a farmacêutica Pfizer informou que deu início ao processo de pedido de registro junto à Anvisa.
Com Agência Brasil