Baleia Rossi e o clima de fim de festa
Em recepção esvaziada momentos antes da votação, candidato ao comando da Câmara fala em analisar a partir de amanhã pedidos de impeachment de Bolsonaro
Candidato à presidência da Câmara, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) chegou à Casa nesta segunda-feira, 1°, em clima de fim de festa. O emedebista havia anunciado que chegaria às 18h30 na chapelaria, entrada principal do Congresso Nacional. Momentos antes, algumas poucas dezenas de deputados se apressaram para organizar uma recepção. Enquanto corriam para colar adesivos de Rossi sobre o paletó, o tom geral era de lamento.
Os primeiros a chegar foram os deputados do PT, partido que, cinco anos após o impeachment de Dilma Roussef, decidiu superar o passado para rivalizar com o candidato Arthur Lira (Progressistas-AL), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. Entre os presentes estavam o líder petista Ênio Verri, o vice-presidente do PT, deputado Alexandre Padilha, e José Guimarães.
Ao avistar o principal articulador da campanha de Rossi, o deputado Isnaldo Bulhões, José Guimarães fez um desabafo. “Tudo o que pôde ser feito nós fizemos”, disse. Bulhões consentiu e agradeceu o apoio.
Um outro auxiliar do emedebista também definiu a atual situação de Rossi: “É o bloco do eu sozinho”, comparou. Nos últimos dias, o candidato do MDB viu seus principais apoiadores debandando para a candidatura de Lira, que contou com o apoio do Planalto na liberação de emendas parlamentares e na distribuição de cargos para ampliar seu arco de aliança.
Neste domingo, o DEM confirmou que abandonaria Rossi e liberou seus deputados. Dentro da legenda, o desembarque foi visto como a pá de cal da candidatura do emedebista, cujo nome foi lançado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Os cálculos internos estimam que até 21 dos 31 deputados do DEM apoiem o líder do Centrão. Há a expectativa de que boa parte do PSDB e do Solidariedade, partidos que integram o bloco de Rossi, também apoie Lira.
Além de deputados do PT e do MDB, Rossi foi recebido por alguns parlamentares do PSB e do PCdoB na chegada à Câmara. Questionado sobre os processos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, ele fez um aceno à oposição. “Se Deus me der oportunidade com o voto dos parlamentares de ser presidente da Câmara dos Deputados, nós vamos analisar a partir de amanhã todas essas questões”, afirmou.
“É função constitucional do presidente da Casa. Nós não vamos abrir mão de nenhuma prerrogativa do parlamento e do presidente da Câmara de fazer análise criteriosa, à luz da Constituição, de todos esses pedidos”, reforçou, quando indagado se estava se referindo ao impeachment.
Diante do avanço de Lira, o candidato do MDB espera ao menos conseguir chegar a um segundo turno nesta segunda-feira. Do lado adversário, há a expectativa de que a votação possa ser resolvida no primeiro turno – para isso, são necessários pelo menos 257 dos 513 votos dos deputados.