Ataques no Ceará foram ‘atos terroristas’, diz governador
Em vídeo publicado nas redes sociais, petista Camilo Santana diz que facções não vão 'intimidar o estado' e promete responder 'com força'
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), classificou os ataques que atingiram Fortaleza e o interior do estado na última madrugada como “atos terroristas”. Em vídeo publicado nas redes sociais, o petista disse que responderá “com força, na altura que for necessário” – sem especificar que “força” seria essa – aos responsáveis.
Ele reiterou a hipótese de que a culpa pelo incendeio de ônibus e de prédios públicos é responsabilidade das facções criminosas que atuam no estado, incomodadas com atos recentes do governo estadual.
Camilo Santana não especificou, mas a principal hipótese da Polícia Civil é que a preocupação dos criminosos seria com a instalação de novos bloqueadores de celular nos presídios cearenses. Até o momento, seis pessoas foram presas.
“Esses atos criminosos, que se assemelham a atos terroristas, tem ocorrido por interesses contrariados desses bandidos, que querem confrontar o estado e ameaçar a população. Não conseguirão intimidar o estado. Essas ações serão respondidas com força, na altura que for necessário.”
Camilo Santana também criticou o governo federal, que demorou dois anos para “abrir os olhos para o problema”. “Desde 2016, eu venho cobrando ajuda”, afirmou o petista. Ele fez uma concessão ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que se comprometeu a instalar, no estado, um centro federal de inteligência.
Em Fortaleza, cinco ônibus foram incendiados. A frota foi recolhida no início da noite de sábado e só voltou a circular em comboio e com escolta policial. Os bandidos também atearam fogo em prédios públicos.
Entre a noite de sábado e a manhã de domingo, as sedes das secretarias executivas regionais 3 e 4, foram atingidas por bombas caseiras (de coquetel molotov). O prédio do Juizado Especial Cível e Criminal, no bairro Itaperi, foi atacado a tiros de madrugada. Duas antenas de telefonia foram danificadas no bairro Jardim Iracema e na Avenida Maestro Lisboa, no bairro José de Alencar.
No interior, aconteceram ataques em Cascavel, Caucaia e Sobral. Em Cascavel, bandidos tocaram fogo em um depósito de veículos apreendidos, atingindo cerca de 50 carros e motos. Em Sobral, a 240 quilômetros de Fortaleza, o prédio da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) também foi atacado. Em Caucaia, um ônibus foi incendiado.
Histórico
No dia 10 de março, três ataques deixaram sete mortos e quatro feridos em diferentes pontos do bairro Benfica, de Fortaleza. Segundo investigações iniciais, os possíveis motivos seriam tráfico de droga e conflito entre torcidas organizadas. Ainda em março, três mulheres foram torturadas, mortas e decapitadas na cidade.
Também neste ano, em janeiro, uma chacina deixou catorze mortos e dezoito feridos na capital cearense. Segundo a mãe de uma das vítimas, o ataque já era anunciado desde o ano passado.