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As ligações que ajudaram a levar Geddel, o ‘Carainho’, à prisão

Ex-ministro ligou 12 vezes à mulher de Lúcio Bolonha Funaro para medir as intenções do doleiro a aderir a um acordo de delação

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jul 2017, 21h32 - Publicado em 3 jul 2017, 20h59

Entre os motivos que levaram o juiz federal Vallisney Souza de Oliveira a decretar a prisão preventiva do ex-ministro Geddel Vieira Lima, nesta segunda-feira, estão insistentes ligações do peemedebista baiano a Raquel Albejante Pitta. Mulher do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, preso em Brasília há um ano, Raquel recebeu 12 telefonemas de Geddel entre os dias 17 de maio e 1º de junho. Os contatos do ex-ministro, ou “Carainho”, como estava identificado no celular da mulher de Funaro, eram sondagens sobre a disposição do operador financeiro em aderir a um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

“Que estranha alguns telefonemas que sua esposa tem recebido de Geddel Vieira Lima, no sentido de estar sondando qual seria o ânimo do declarante em relação a fazer um acordo de colaboração premiada”, diz o relatório do depoimento de Funaro à PF, prestado no dia 2 de junho. A mesma oitiva explica a inquietação de Geddel com o que Funaro tem a revelar: o doleiro declarou à PF que intermediou ao ex-ministro 20 milhões de reais em propina do esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal.

Para Vallisney Oliveira, a pressão do ex-homem-forte do governo do presidente Michel Temer sobre Raquel Pitta é “fato gravíssimo”, obstrução de Justiça, e sua conduta poderia “acarretar prejuízo irreparável para as investigações” da Operação Cui Bono?. “Em liberdade, Geddel, pelas atitudes que vem tomando recentemente, pode dar continuidade a tentativas de influenciar testemunhas que irão depor na fase de inquérito”, justificou o juiz.

Geddel deu início ao monitoramento da Sra. Funaro às 22h59 do dia 17 de maio, poucas horas depois de o jornal O Globo noticiar que o empresário Joesley Batista fechara um acordo de delação premiada e que, como prova, apresentara à Procuradoria-Geral da República a gravação de uma conversa com Temer. Por meio de uma ligação telefônica do aplicativo WhatsApp, o ex-ministro e Raquel falaram durante um minuto e 56 segundos (veja abaixo).

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As últimas ligações foram registradas no dia 1º de junho, pouco depois de o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder liberdade à irmã de Lúcio Funaro, Roberta, presa na Operação Patmos por receber dinheiro da JBS em nome do irmão famoso.

A euforia de Geddel com a notícia era tamanha que, por uma diferença de apenas uma hora, não foi ele quem deu a boa nova a Raquel Pitta. Em mensagem ao advogado Bruno Espiñeira, a mulher de Lúcio Funaro conta ter sabido da notícia às 15h e que, às 16h09, recebeu uma ligação do ex-ministro “para falar que tinha ficado feliz com a decisão que agora o Lucio ficaria mais calmo com a irmã em casa” (veja abaixo).

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Geddel

Ao analisar as ligações de Geddel Vieira Lima a Raquel Pitta, Vallisney Oliveira lembrou que “não é a primeira vez que Geddel Vieira tenta persuadir pessoas ou pressioná-las”. O magistrado se referia ao escândalo que levou à saída do peemedebista da Secretaria de Governo do Planalto: as revelações do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, pressionado por Geddel e por Temer, além do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, a liberar a construção de um edifício residencial em uma área tombada pelo patrimônio histórico em Salvador.

O peemedebista é dono de um apartamento no empreendimento e seria prejudicado pelo embargo da obra. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que proibiu a construção, estava subordinado a Calero.

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Geddel resistiu a deixar o cargo, que lhe garantia foro privilegiado e distância da prisão súbita, mas acabou entregando sua carta de demissão a Michel Temer em novembro do ano passado, depois de um mês na berlinda.

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