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Após pane em votação, PSDB suspende prévias que definiriam candidato

Presidenciáveis agora negociarão data para a retomada da votação dos tucanos

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 nov 2021, 19h51 - Publicado em 21 nov 2021, 18h16

Depois de sucessivos problemas no aplicativo de votação, o PSDB decidiu no início da noite deste domingo, 21, suspender as prévias que definiriam o candidato do partido à Presidência da República nas eleições de 2022. Os filiados do partido tiveram de baixar um programa em seus celulares e tinham até o término do dia 14 para se inscrever na disputa, usando o app, mas problemas no aplicativo que cadastra e registra os votos de filiados e vereadores e dos mandatários via identificação facial impediram que a votação transcorresse normalmente. Pelo menos desde as 8h30 eram registradas dificuldades para que os votos fossem computados — apenas cerca de 4.000 votos acabaram de fato registrados de um colégio eleitoral de cerca de 45.000.

Com a paralisação do processo de escolha do representante tucano na corrida presidencial, o governador de São Paulo, João Doria, vai agora tentar angariar apoios para que as prévias sejam realizadas no próximo domingo. Principal adversário do paulista, o governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que internamente projeta que, se tiver maior tempo de campanha, pode cabalar a maioria dos votos dos filiados, quer que a votação partidária para definir o presidenciável do PSDB seja reagendada apenas para 2022.

“O PSDB definirá nova data para reabertura do processo de votação para que todos os filiados que não puderam votar neste domingo possam, com tranquilidade e segurança, registrar o seu voto e concluir a escolha do nosso candidato às eleições presidenciais de 2022”, disse o partido, em nota, após o adiamento.

Ao longo da eleição partidária, aliados do governador paulista vinham projetando seu favoritismo na reta final da campanha, que teve um grau de dificuldade maior que o esperado em função dos apoios reunidos por Leite. O colégio eleitoral do PSDB foi dividido em quatro grupos para as prévias, cada um com peso de 25% do total: filiados; prefeitos e vice-prefeitos; vereadores, deputados estaduais e distritais; governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, ex-presidentes e o atual presidente do PSDB.

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O formato definido para as prévias representou uma derrota já na largada a João Doria, cujos aliados defendiam um peso maior ao voto dos filiados sem mandato – uma forma de dar mais peso a São Paulo, que responde por 62% dos filiados cadastrados a votar na eleição interna. Havia também resistência ao paulista na cúpula do PSDB, melindrada com alguns dos movimentos políticos dele, vistos como precipitados, e sobretudo na bancada tucana na Câmara.

Diante do crescimento dos apoios a Eduardo Leite em estados como Minas Gerais, Ceará e, naturalmente, Rio Grande do Sul, redutos de caciques tucanos não-paulistas, Doria buscou se cacifar como o melhor nome do PSDB por trunfos como a viabilização da vacina contra a Covid-19 no país – ele se diz o “pai” do imunizante no Brasil – e a economia de São Paulo, que se recupera mais rapidamente que a nacional.

Para contrabalancear o poder de fogo de Doria em São Paulo, estado governado pelos tucanos desde 1995, Eduardo Leite, por sua vez, buscou se vender como o candidato mais competitivo para as eleições de 2022 a partir de resultados como o saneamento das combalidas contas do Rio Grande do Sul e, sobretudo, acenos à velha-guarda social-democrata do PSDB – críticos atribuem a João Doria uma tentativa de repaginar o partido levando-o mais para a direita e escanteando quadros mais antigos da legenda. Em território paulista, o governador gaúcho contou com articulações do grupo ligado ao ex-governador Geraldo Alckmin, figura influente sobretudo no interior, que hoje é desafeto de Doria e deixará o PSDB.

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Leite também apostou na rejeição ao adversário mostrada por pesquisas (o paulista tem taxa semelhante à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o último Datafolha) e na maior aderência ao seu nome entre partidos do chamado “centro democrático”, como PSD e DEM, para as negociações por uma “terceira via” à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e Lula.

Após a pane, a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS), que desenvolveu o aplicativo de votação, negou que tenha havido problemas no reconhecimento facial das pessoas cadastradas para votar e disse que “está investigando todas as possíveis causas da instabilidade verificada no aplicativo”. “Os votos até agora registrados não serão perdidos, e a segurança do sistema não foi afetada. Todo o processo está sendo acompanhado por técnicos representando as três chapas inscritas, garantindo lisura e transparência”, disse a FAURGS, em nota.

Doria e o ex-prefeito Arthur Virgílio, que também disputavam as prévias, se manifestaram na noite deste domingo, defenderam que a votação partidária para a escolha do presidenciável tucano ocorra no próximo domingo e informaram que “foi alertado durante todo o processo sobre a fragilidade do aplicativo e os problemas de instabilidade e insegurança que o modelo proposto poderia trazer para as primárias”. “Mesmo diante dos alertas de ambas as campanhas e da Kryptus, auditoria contratada pelo próprio partido para garantir a lisura da eleição, a direção do PSDB optou por manter o contrato com a FAUGRS (Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sediada em Pelotas) e o uso da plataforma. Diante das inúmeras falhas do próprio aplicativo, ocorridas durante o todo o processo de votação, neste domingo (21), se faz necessário o ajuste imediato do aplicativo. É urgente retomar o processo de escolha do candidato em respeito aos filiados tucanos e o seu direito de votar”, afirmaram.

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