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Após mergulhar nas campanhas municipais, Bolsonaro também vai às urnas

Neste domingo, o cacife eleitoral do presidente da República, que pediu votos para mais de dez prefeitos, será testado

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 nov 2020, 09h31 - Publicado em 15 nov 2020, 09h27

O presidente Jair Bolsonaro sempre negou que iria se envolver nas eleições municipais deste ano. O motivo era que ele não teria tempo hábil para se dedicar às campanhas de prefeitos e vereadores e tampouco um partido próprio em que se sentisse confortável para atuar como cabo eleitoral. Já nos bastidores, auxiliares do presidente diziam que o esforço para manter uma distância regulamentar era porque Bolsonaro temia sair derrotado nas urnas caso seus candidatos não vingassem.

Neste domingo, após o presidente ter mudado de ideia e mergulhado na disputa, pedindo votos e gravando vídeos com candidatos, seu cacife eleitoral será testado. Até o momento, os dados indicam que o temor de sofrer uma dura derrota nas urnas tem grande chance de se materializar.

Bolsonaro esforçou-se principalmente em alavancar a campanha de Celso Russomanno e de Marcelo Crivella, candidatos a prefeito de São Paulo e do Rio de Janeiro, respectivamente, pelo partido Republicanos. Foram eles os primeiros a gravar vídeos ao lado do presidente da República e a ser anunciados como o nome predileto daquele que em 2018 se revelou um inesperado fenômeno eleitoral. Os dois, porém, enfrentam dificuldades. Enquanto Crivella tem 18% das intenções de voto (Eduardo Paes, do DEM, tem 40%, segundo o último Datafolha), Russomanno está na quarta colocação e, portanto, corre o risco de sequer avançar à próxima etapa.

São Paulo e Rio são capitais estratégicas para o projeto de reeleição de Bolsonaro. A primeira é governada por João Doria (PSDB), um provável adversário do presidente em 2022. Nos planos de Bolsonaro, o ideal seria ter no maior colégio eleitoral do país um alcaide com quem fizesse uma dobradinha para rivalizar com o governador. Já no Rio, os planos visam barrar a candidata Martha Rocha, do PDT, o mesmo partido de Ciro Gomes, outro com quem Bolsonaro deve disputar as próximas eleições. A última pesquisa do Datafolha mostra o apoio ao presidente caindo nas duas capitais, atingindo uma aprovação de 23% e rejeição de 50% em São Paulo e aprovação de 28% e rejeição de 42% no Rio de Janeiro.

“Tudo indica que vai ficar evidente que o presidente não é um bom cabo eleitoral e haverá a percepção de que não vale a pena apostar em uma aproximação com ele tendo em vista em 2022. Isso pode afetar a formação de coalizão e o desempenho do governo nos últimos dois anos de mandato”, afirma o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria. “Não é um teste definitivo e não significa que o jogo de 2022 estará definido. O eleitorado responde ao contexto, não segue a lógica da elite política, mas é um sinal de que o capital político do presidente não se transformou em um ativo. Portanto, é um presidente que não aumenta a chance de sucesso eleitoral, e isso certamente limita e afeta o seu apoio entre a própria classe política”, adiciona.

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Na última semana, Bolsonaro dedicou-se a pedir votos, todos os dias, para mais de dez candidatos a prefeitos em lives feitas no Palácio da Alvorada. Na transmissão, argumentou que o esforço visava evitar que aqueles determinados municípios ficassem na oposição ao seu governo. “Peço a todos vocês que acreditam no meu trabalho e estão vendo o que está sendo feito: se você quer me fortalecer, fortaleça os meus candidatos”, disse o presidente.

Para convencer os eleitores, o garoto-propaganda Bolsonaro reforçou que seus candidatos seriam contra o comunismo e que a liberdade da população estaria ameaçada. “A gente sabe que para garantir a nossa liberdade, a democracia, o livre mercado, o respeito à criança na sala de aula e o respeito à família, não pode ser esse pessoal de esquerda”, afirmou.

Além de pedir apoio a Crivella e Russomanno, o presidente dedicou-se a outros dez candidatos a prefeito: Bruno Engler (PRTB), de Belo Horizonte; Oscar Rodrigues (MDB), de Sobral (CE); Gustavo Nunes (PSL), de Ipatinga (MG); Júlia Zanatta, de Criciúma (SC), Mão Santa (DEM), de Parnaíba (PI); Ivan Sartori (PSD), de Santos; Coronel Menezes (Patriota), de Manaus; Capitão Wagner (Pros), de Fortaleza; Dr. Serginho (Republicanos), de Angra dos Reis e Delegada Patrícia (Podemos), de Recife.

As próximas horas mostrarão se Bolsonaro mais ajudou ou atrapalhou os seus candidatos e, sobretudo, o tamanho de seu capital político rumo às eleições de 2022.

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