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Após impasses, Bolsonaro retoma transição para definir ministros

O eleito quer decidir as chefias do Itamaraty, Defesa e Meio Ambiente; em atrito com Legislativo, equipe tenta aprovar reforma da Previdência

Por Da Redação Atualizado em 12 nov 2018, 18h11 - Publicado em 12 nov 2018, 11h21

Após uma série de impasses desde a sua eleição, o futuro presidente, Jair Bolsonaro (PSL), volta a Brasília para tentar definir nesta semana os indicados para chefiar as áreas de Defesa, Relações Exteriores e Meio Ambiente. Ele também disse que já pretende apontar o futuro ministro da Saúde e admitiu dificuldades para encontrar um nome para a Educação.

A escolha para chefiar a Defesa é acompanhada com atenção pela alta cúpula militar. O general Augusto Heleno, do Exército, antes cotado para a pasta, foi anunciado para comandar o Gabinete de Segurança Institucional.

O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, disse que Bolsonaro deverá indicar para a pasta um oficial vinculado à Marinha, já que militares do Exército e da Aeronáutica ocuparão outros ministérios-chave no novo governo. 

Um dos nomes que surgiu para assumir a pasta foi o do comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira. Há quem defenda que o próprio general Silva e Luna, indicado para o cargo pelo presidente Michel Temer (MDB) neste ano, permaneça no cargo.

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Para a chefia do Itamaraty, como é conhecido o Ministério das Relações Exteriores, aliados de Bolsonaro cogitam o nome do embaixador José Alfredo Graça Lima, que se aposentou da carreira diplomática em 2016.

Com experiência em comércio exterior, Graça Lima viveu anos de ostracismo durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando o responsável pela política externa era Celso Amorim (PT).

Graça Lima era um nome próximo ao chefe da chancelaria no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Felipe Lampreia, e passou anos à frente dos consulados de Nova York e Los Angeles — uma função secundária no Itamaraty.

O governo de transição trabalha para tranquilizar os ânimos no cenário internacional após o Egito ter cancelado de última hora uma viagem do chanceler Aloysio Nunes Ferreira ao país. A decisão foi interpretada como uma retaliação aos planos de Bolsonaro de transferir a embaixada israelense para Jerusalém.

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Além da questão do Oriente Médio, Bolsonaro se envolveu em controvérsias a respeito das relações diplomáticas do Brasil com Cuba e do Acordo de Paris sobre o clima. “Estou mais perdido do que cego em tiroteio”, afirmou a VEJA o veterano embaixador Marcos Azambuja. “É preciso separar a retórica do candidato recém-eleito dos atos de seu futuro governo. O Brasil mudou. Minha função é entender esse novo país.”

Agricultura

Nesta terça-feira, Bolsonaro se encontrará com a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), indicada como ministra da Agricultura, para discutir a estrutura da pasta, que poderá englobar as áreas de pesca e agricultura familiar a partir de 2019.

Tereza Cristina sinalizou que quer definir as medidas que poderão ser adotadas a fim de garantir mais segurança jurídica para os produtores e a redução de impostos. A deputada federal é presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) na Câmara.

A futura ministra avisou que para ela é fundamental adotar medidas para proteger os produtores rurais e frear o que chama de “indústria de multas”. Bolsonaro manifestou que pretende limitar as demarcações de terras indígenas.

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Para o Ministério do Meio Ambiente, que será mantido separado do da Agricultura após um recuo de Bolsonaro, o nome mais cotado é o do pesquisador Evaristo de Miranda, chefe da Embrapa Territorial e ligado ao agronegócio.

Outros nomes na lista de possibilidades para a pasta são o deputado Evandro Gussi (PV-SP) e o ex-deputado Xico Graziano, até recentemente ligado ao PSDB de São Paulo.

Previdência e atritos

A equipe de Bolsonaro também quer aprovar nesta semana algumas medidas da reforma da Previdência, objeto de impasse no Congresso Nacional. Na semana passada, o presidente eleito recebeu uma série de propostas, mas disse não ter definido ainda quais vai levar adiante.

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Gerou desconforto entre os parlamentares uma frase do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, defendendo “uma prensa” no Congresso para aprovar as mudanças nas regras de aposentadoria.

Na primeira semana de trabalhos de transição, o presidente eleito enfrentou dificuldades no diálogo como o Legislativo. Bolsonaro viu ser aprovado um aumento de 16% nos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Como tem efeito cascata para todo o funcionalismo, o ajuste compromete o orçamento do próximo governo.

No último sábado, Bolsonaro cancelou um encontro que teria com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), que havia manifestado insatisfação por não ter sido procurado pela equipe de transição do próximo governo.

O senador, que não se reelegeu, lembrou que ainda é presidente de um dos poderes e disse não estar preocupado “se Bolsonaro vai gostar ou não” do que é votado no Congresso. 

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Dentro da equipe de Bolsonaro há uma preocupação de que os parlamentares que não foram reeleitos utilizem o resto do ano para votar as chamadas “pautas-bomba”, com impacto fiscal — como o aumento dos salários do STF.

O eleito também cancelou a visita que faria ao Congresso Nacional nesta terça-feira, 13, e um encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está preocupado que uma linha do PSL não esteja disposta a apoiar sua reeleição à Casa no ano que vem.

Os cancelamentos ocorrem em meio a uma indisposição entre a equipe do presidente eleito e os representantes do Congresso. Até agora, o futuro ocupante do Palácio do Planalto já se encontrou com os chefes dos dois outros poderes, Executivo e Judiciário. 

(com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)

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