Após encontro com Dilma, Renan desiste de pautar independência do BC
Presidente do Senado diz que falta de consenso inviabiliza apreciação da proposta neste ano. Palácio do Planalto é contra a medida

Não durou muito a disposição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de colocar em pauta a proposta que dá autonomia ao presidente do Banco Central. Após encontro com a presidente Dilma Rousseff, nesta segunda-feira, Renan recuou: disse que não há condições de o Congresso apreciar a proposta neste ano, como ele mesmo havia sugerido na semana passada.
O presidente do Senado afirmou que falta consenso para votar a matéria: “Os governos são contra a regulamentação. A oposição também. Isso, na verdade, interditou um debate que parecia amadurecido”, disse, após conversar com a presidente. Na semana passada, entretanto, Renan minimizou as divergências e afirmou que era preciso colocar o tema em pauta, apesar das resistências.
Dilma é contra a proposta, que criaria um mandato fixo para o comandante do BC e reduziria a interferência do governo sobre o banco. Já Renan e outros nomes importantes do PMDB são a favor da medida. O presidente do Senado foi acusado de sacar o texto da gaveta como forma de pressionar o governo a atender interesses da sigla – como a nomeação do senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB) para o Ministério da Integração Nacional.
Apesar da mudança de postura, Renan garante que a autonomia do Banco Central não foi tema do encontro com a presidente. A reforma ministerial, assegurou o senador, também ficou de fora da pauta.
Segundo o presidente do Senado, o que houve foi uma “conversa geral” sobre a pauta do Senado e também sobre a aliança entre PT e PMDB. As divergências – como a própria discussão sobre a autonomia do BC – foram minimizadas pelo peemedebista: “Essas tensões são naturais. Mas o importante é que a aliança está definida, consolidada”, disse ele.