Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Após áudios comprometedores, Eliseu Padilha exonera diretor da Funai

Gravações envolvendo Francisco Nunes indicam uma tentativa de favorecimento de empresas em compras no setor de informática

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 24 Maio 2018, 15h00 - Publicado em 24 Maio 2018, 12h06

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, determinou a exoneração imediata do diretor de administração da Funai, Francisco José Nunes Ferreira. A exoneração será oficializada nesta quinta-feira (24), segundo a assessoria de Padilha. A decisão foi tomada depois que áudios de conversas entre Ferreira e o ex-coordenador de tecnologia da informação da Funai Bruno Rebello foram divulgados pela imprensa.

Os áudios indicam que o diretor de Administração favoreceu empresas predeterminadas para compras do setor de informática, orientou pedidos feitos por parlamentares, fez ingerências e solicitou a aquisição de itens que não tinham relação com as atividades do órgão.

As gravações foram realizadas por Rebello entre setembro e outubro de 2017. Nos áudios, Ferreira pede a Rebello que ajude em contratações apontadas por parlamentares e promete que ambos poderão “se dar bem”, porque ele assumiria, neste ano, a presidência da Dataprev, empresa de tecnologia da Previdência Social. Ferreira nega as irregularidades e acusa Rebello de “revanchismo”.

O diretor disse que “não acolhe indicações políticas” e que as acusações são “infundadas”. “Trata-se de servidor (Bruno Rebello) insubordinado, que tentou à revelia da diretoria concretizar diversas dispensas de licitações ou contratações emergenciais, sem obter êxito em suas empreitadas, por negativa deste diretor”, afirmou Ferreira. Bruno Rebello confirmou o teor das acusações, além de sua decisão de gravar as conversas e levar as denúncias ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Funai.

Nos áudios, Ferreira menciona também nomes de políticos como o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o senador e presidente nacional do MDB, Romero Jucá (RR), e do líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE). O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que não conhece o diretor da Funai e que “desautoriza qualquer uso indevido de seu nome”. “O ministro está solicitando ao ministro da Justiça que instaure procedimento próprio para apurar as responsabilidades decorrentes do caso”, informou a Casa Civil.

O senador Romero Jucá (MDB-RR) negou que “tenha tratado sobre este assunto com qualquer pessoa da Funai e não autoriza a falar em seu nome”. O deputado André Moura (PSC-SE) afirmou que apenas só intermediou, como líder do governo, uma demanda da base ruralista para manter Ferreira no cargo de presidente substituto da estatal — o que foi atendido, segundo ele. 

Investigação

A atuação do diretor de administração da Funai Francisco Ferreira é investigada pela Polícia Federal (PF). A informação foi confirmada pelo general Franklimberg Ribeiro de Freitas, ex-presidente da Funai. Procurada, a PF afirma apenas que há uma “apuração em curso”, sem dar mais detalhes. Segundo Freitas, um celular com as gravações das conversas foi entregue à PF, além de ter sido tomado o depoimento de um servidor da instituição.

Após publicação da gravação pela imprensa, o novo presidente da Funai, Wallace Bastos, encaminhou à Corregedoria da instituição os áudios das conversas gravadas entre Ferreira e Rebello. Bastos afirmou que serão “seguidos os trâmites exigidos legalmente e assegurada devida penalidade, caso a denúncia se comprove verídica”.

Continua após a publicidade

“A Funai repudia qualquer desvio do padrão ético de atuação exigido aos servidores e colaboradores durante os 50 anos de atividade em prol dos direitos indígenas e reagirá contra todo ato que comprometa a seriedade empregada no cumprimento de sua missão”, diz Bastos em nota.

Francisco José Nunes Ferreira chegou ao cargo de diretor de administração da Funai em maio do ano passado, por meio de indicação do PSC e da bancada ruralista. Ele já era alvo de críticas dentro da Funai. Em dezembro passado, a diretoria da Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ansef) encaminhou um ofício ao ministro da Justiça, Torquato Jardim, para criticar a atuação do diretor de administração e gestão.

(com Estadão Conteúdo)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.