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Apoiadores gritam contra a imprensa e expressam esperança em Bolsonaro

Debaixo de chuva e sol forte, eleitores esperam por até 10 horas pela emblemática subida do novo presidente da rampa do Palácio do Planalto

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 1 jan 2019, 14h53 - Publicado em 1 jan 2019, 13h06

Centenas de pessoas se aglomeraram desde a manhã desta terça-feira na Praça dos Três Poderes para acompanhar a subida da rampa do Palácio do Planalto e o discurso no Parlatório do presidente recém-empossado Jair Bolsonaro. A maioria vestia roupas amarelo-canário e camisetas com o rosto de Bolsonaro estampado no peito. Faixas e cartazes celebravam a posse do primeiro mandatário de extrema-direita eleito desde a restauração democrática no Brasil, em 1985.

“Este momento é histórico, depois das decepções com os governos anteriores. É um divisor de águas. Antes, a gente vivia sem esperanças”, afirmou a VEJA Júnior Perotti, técnico em eletrônica de 38 anos, que desembarcou nesta terça-feira em Brasília, vindo de Fortaleza (CE).

Os apoiadores de Bolsonaro receberam aos gritos de “comunistas” e “vão falir” os jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas credenciados para a cobertura no local, bem em frente ao Palácio do Planalto. Alguns deles tentaram boicotar as entrevistas da imprensa com os bolsonaristas, mas acabavam ignorados pelos dois lados.

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A cada movimentação de veículos oficiais na Esplanada, os apoiadores aplaudiam e gritavam frases em favor do novo presidente. A espera dessas centenas de pessoas, entretanto, será longa. Muitos já estavam desde as 7h mobilizados para passar pelas checagens de segurança e chegar ao local. A chegada de Bolsonaro para a emblemática subida da rampa do Planalto, porém, está marcada apenas para as 16h40.

Perotti trouxe consigo o filho Victor Júnior, de 8 anos, para assistir a cerimônia. Deixou em Fortaleza suas três meninas e a mulher, grávida de seis meses, a quem considera “mais frágeis” que o menino. Seu voto, afirmou o seguidor da igreja Batista, foi exclusivamente em favor de Bolsonaro, a quem apoia há cinco anos.

Armas e cruz

Maria Rita e sua mãe, Glaura Hasbun, na Praça dos Três Poderes em Brasília – 01/01/2019 (Denise Chrispim/VEJA.com)

Também cativada há anos pelo discurso do novo presidente, a servidora pública Glaura Hasbun trouxe a filha Maria Rita, de 14 anos, para a cerimônia. Ambas atuaram em Fortaleza, onde residem, como voluntárias da campanha do então candidato do PSL. Maria Rita, contou Glaura com orgulho, brigava com professores de esquerda em sala de aula, em defesa de Bolsonaro.

“Trabalhamos nas redes sociais e também no boca a boca para ‘catequizar’ os eleitores”, afirmou Raquel, que disse concordar 100% com as propostas de Bolsonaro, inclusive com a liberação do porte de armas para civis. “Sou atiradora, mas parei de atirar por causa de uma tendinite. Os brasileiros têm de ter o direito de se defenderem de bandidos dentro de suas casas.”

A mesma premissa é compartilhada pela dentista Adriana Vanderlei do Amorim, que integrou uma caravana de ônibus de 50 pessoas vindas de Vitória da Conquista (BA), um reduto eminentemente petista. Seu marido tem porte de arma e deixa um revólver em casa para a proteção da família e do patrimônio. Amorim afirmou ter enfrentado as 14h de viagem para celebrar o início de um governo que “trará de volta o orgulho de ser brasileiro”.

“A gente tinha vergonha de se dizer brasileiro. Bolsonaro trouxe de volta o orgulho e fala em temas que apoiamos: a defesa da família, o fim da ideologia de gênero, a postura como gente normal”, afirmou a dentista, participante do grupo Em Direita Conquista.

Adriana Vanderlei do Amorim, do grupo “Em Direita Conquista”, na Praça dos Três Poderes em Brasília – 01/01/2019 (Denise Chrispim/VEJA.com)

Segundo Amorim, o grupo conseguiu convencer 2.000 assinantes de VEJA e da Folha de S Paulo a cancelar suas assinaturas e a deixar de assistir a Rede Globo. Se as publicações são ainda entregues, vão para o lixo por terem “detonado a imagem de Bolsonaro e mostrado só o seu lado ruim”, explicou ela. “Também fazemos campanha contra os famosos que se opõem ao presidente, como a Anitta”, completou, referindo-se à cantora.

A visão da dentista e de seu grupo parece ser compartilhada pela maioria concentrada na frente do Palácio do Planalto. Em apoio à tática de comunicação direta do presidente com seus eleitores, pelas redes sociais, os presentes gritavam: “Facebook”, “WhatsApp”, “Record” e “SBT”. À emissora Rede Globo foram reservadas expressões negativas: “Globo lixo” e “Abaixo a Rede Globo”, ambas também usadas com entusiasmo pelos manifestantes de esquerda.

O publicitário André Rouglas, de Oratórios (MG) foi bem mais além. Entre os dias 27 e 31 de dezembro, ele se amarrou em uma cruz diante do Palácio do Planalto e da Granja do Torto, onde Bolsonaro se hospedara desde o sábado 29. O motivo foi fazer um “protesto em favor” do novo presidente. Com a iniciativa, conseguiu posar para fotos ao lado do ministro da Casa Civil, Onix Lorenzoni, e do irmão do presidente, Renato Bolsonaro.

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André Rouglas, de Oratórios, na Praça dos Três Poderes em Brasília – 01/01/2019 (Denise Chrispim/VEJA.com)

Para a Praça dos Três Poderes, não pôde trazer sua cruz. Mas portava orgulhoso dois cartazes: “Bolsonaro a sua responsabilidade é um Brasil”, com o retrato do presidente estampado, e “André Rouglas e Sérgio Moro a favor do Brasil”, que mostra sua foto ao lado do ministro da Justiça. A imagem foi clicada depois de alguns dias crucificado na frente do prédio da Justiça em Curitiba.

Rouglas afirma ter percorrido 7.500 quilômetros em campanha pela eleição de Bolsonaro. Nesse caminho, parou para se crucificar ou fazer greve de fome em diferentes pontos do país, sempre em favor de seu candidato. Uma de suas greves foi na frente do hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde o então presidenciável do PSL recebeu tratamento depois do atentado em setembro passado. “Ele tem a linguagem que o povo quer escutar”, diz o publicitário. “Espero que faça política para o povo e não em cima do povo.”

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