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Ao lado de Netanyahu, Bolsonaro visita Muro das Lamentações

Presidente deixa bilhete escrito 'Deus, olhe pelo Brasil' em fresta da ruína do templo judaico e se diz "honrado" pela companhia do premiê israelense

Por Julia Braun, de Jerusalém
Atualizado em 1 abr 2019, 18h19 - Publicado em 1 abr 2019, 11h36

Escoltado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o presidente Jair Bolsonaro visitou nesta segunda-feira, 1º, o Muro das Lamentações, sob forte chuva de granizo, e deixou em uma das frestas um bilhete escrito “Deus, olhe pelo Brasil”. Esta é a primeira vez que o premiê israelense acompanha um chefe de Estado em visita oficial ao local sagrado para os judeus, na porção oriental de Jerusalém. A soberania dessa área é reivindicada pelos palestinos.

Esse compromisso foi interpretado como uma tentativa de favorecer a reeleição de Benjamin Netanyahu. Governante há dez anos de Israel, o premiê concorrerá a mais um mandato no cargo no próximo dia 9, quando serão realizadas as eleições parlamentares no país.

O programa dos dois líderes incluiu uma visita à sinagoga Sharey Tshuva, dentro de túneis do complexo do Muro das Lamentações. Os túneis são os resquícios das construções feitas ao redor do templo judaico antes de sua destruição, no século I. Anos depois da destruição, limparam e secaram o local para a construção dessa que é a sinagoga mais próxima do antigo templo judaico.

O Muro das Lamentações é o segundo local mais sagrado para o judaísmo. A parede, formada por pedras de calcário, foi o que restou do chamado Segundo Templo de Jerusalém, construído no lugar do Templo de Salomão. Um rabino deu as explicações ao presidente brasileiro sobre o significado da ruína.

Bolsonaro não escondeu seu deslumbramento com a deferência com que foi tratado por Netanyahu. “Ele decidiu me acompanhar, e para mim foi motivo de honra e satisfação”, afirmou a jornalistas, horas depois, no saguão do hotel em que está hospedado.

A decisão do governo brasileiro de aceitar o convite de Netanyahu para a visita presidencial marca uma mudança na política externa em favor de Israel, em detrimento das relações com a Autoridade Palestina. O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, chegou a mencionar no domingo que uma visita presidencial aos territórios palestinos não chegou a ser cogitada.

O presidente Donald Trump deixa um bilhete no Muro das Lamentações, em Jerusalém – 22/05/2017 (Jonathan Ernst/Reuters)

O Muro das Lamentações fica no setor leste de Jerusalém, parte do território ocupado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Para muitos, visitar o local ao lado do líder israelense significa reconhecer a soberania do país sobre a região, em detrimento dos palestinos.

Mas Netanyahu acompanhara o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em uma visita ao local no mês passado. O presidente Donald Trump, contudo, conheceu o local sem a presença do premiê israelense em sua passagem pelo país.

Antes de visitar o Muro, Bolsonaro foi à Basílica do Santo Sepulcro, também na Cidade Velha, o local onde Jesus teria sido sepultado. Netanyahu não o acompanhou nessa peregrinação cristã.

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Palestina

Com certa ansiedade para pôr fim ao atrito que gerou com a Autoridade Palestina, Bolsonaro insistiu nesta segunda-feira que a instalação de um escritório de negócios brasileiro em Jerusalém é uma “questão simbólica”. Ele fez o anúncio dessa medida no domingo 31, como meio de entregar a Netanyahu pelo menos uma parcela de sua promessa de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.

A Autoridade Palestina informou que convocará a Ramalah seu embaixador em Brasília, Ibrahim Zeiden gesto que, em diplomacia, deixa claro uma insatisfação. Entretanto, Bolsonaro resistiu a um recuo.

“Essa questão é simbólica, por um lado. Por outro lado, é respeitar as decisões dos respectivos Estados”, afirmou. “Eu não pretendo ter atrito com ninguém”, disse o presidente brasileiro.

“Nós queremos aprofundar negócios com o mundo todo. Agora, Israel tem o direito de escolher a sua capital. Ponto final”, completou Bolsonaro, que desconsidera os fatos de a soberania de Israel sobre Jerusalém não ser reconhecida pela grande maioria da comunidade internacional e de a Autoridade Palestina reivindicar Jerusalém oriental como sua legítima capital.

Bolsonaro também confirmou sua viagem para a China e para um país do norte da África no segundo semestre. Ele não confirmou se esse último destino já foi selecionado.

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