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Antonio Palocci pede demissão

Ministro da Casa Civil, que teve salto patrimonial de vinte vezes em quatro anos, apresentou pedido de desligamento à presidente Dilma Rousseff

Por Luciana Marques e Carolina Freitas
7 jun 2011, 18h13

O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, pediu demissão do cargo nesta terça-feira. O pedido foi apresentado à presidente Dilma Rousseff durante a tarde. Palocci também anunciou a decisão ao presidente do PT, Rui Falcão, por telefone às 17h30. Disse que precisava dar satisfação ao presidente de seu partido. Ocupante do posto mais importante da Esplanada dos Ministérios, o petista ficou em situação insustentável após as revelações de seu incrível salto patrimonial em poucos anos. O dinheiro vinha de trabalhos de consultoria feitos por Palocci enquanto era deputado federal. Depois de uma conversa com a presidente Dilma no Planalto, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) aceitou o convite para assumir o cargo. A nova ministra tem pouco trânsito entre os senadores do PMDB.

Gleisi é casada com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e esteve reunida com a presidente logo após o anúncio da saída de Palocci do cargo. Em nota, a presidente Dilma diz que aceitou e lamentou a saída de Palocci. “A presidente destacou a valiosa participação de Antonio Palocci em seu governo e agradece os inestimáveis serviços que prestou ao governo e ao país. Também hoje, a presidenta convidou a senadora Gleisi Hoffmann para ocupar a chefia da Casa Civil da Presidência da República”, diz o texto.

A queda de Palocci começou a se desenhar quando veio à tona que o ministro da Casa Civil teve um um aumento de patrimônio de 25 vezes em quatro anos. O dinheiro vinha de trabalhos de consultoria feitos entre 2006 e 2010. Na época, ele era deputado, mas também sócio da empresa de consultoria Projeto. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que, em 2010, o ministro comprou um apartamento de 500 metros quadrados nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, por 6,6 milhões de reais, e, no ano anterior, uma sala comercial na mesma região por 882.000 reais.

A evolução patrimonial não bate com os rendimentos de um deputado e revela que a consultoria era altamente rentável, o que levantou a suspeita de que Palocci aproveitava-se do trânsito no governo federal como ex-ministro da Fazenda para fazer tráfico de influencia.

A situação tornou-se insustentável quando reportagem de VEJA desta semana revelou que o apartamento onde mora a família de Palocci, em São Paulo, é alugado de uma empresa de fachada. O imóvel, de 640 metros, está avaliado em 4 milhões de reais. Os dois sócios da empresa proprietária do apartamento são Filipe dos Santos, de 17 anos, e Dayvini Nunes, de 23 anos, um representante comercial que ganha salário de 700 reais.

Dayvini admitiu em entrevista a VEJA ser laranja. “São coisas que envolvem pessoas com quem não tenho como brigar, como o Palocci, entendeu? Eu não tenho como bater de frente com essas pessoas. Sou laranja.”

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Acervo Digital: Os escândalos que assombram o ministro

Silêncio – Em pouco mais de vinte dias, enquanto a crise ganhava contornos mais graves, Palocci e o Palácio do Planalto adotaram a estratégia do silêncio. Dilma Rousseff manteve-se longe de eventos públicos e só fez comentários sobre o caso depois de uma intervenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ele foi a Brasília e reuniu-se com a bancada de senadores para tratar do caso. Dois dias depois, em 27 de maio, Dilma saiu a público para pedir que a questão não fosse politizada. “Quero assegurar a vocês que o ministro Palocci está dando todas as explicações para os órgãos de controle”, disse em entrevista espontânea aos jornalistas, procedimento incomum para a presidente.

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Pouco adiantou. A pressão por explicações só cresceu. Palocci resolveu conceder entrevistas à TV Globo e a Folha de S.Paulo, mas, negando-se a revelar a lista de clientes de sua consultoria e o valor pago pelos serviços, nada conseguiu esclarecer. Terminou a entrevista de vinte minutos ao Jornal Nacional dizendo que os brasileiros deveriam acreditar na “boa-fé” e confiar em sua honestidade.

Despedida – Mesmo com os rumores sobre sua saída do governo nesta semana, Antonio Palocci cumpriu uma agenda intensa de compromissos nesta terça-feira. Ele não faltou nem ao almoço com senadores do PTB no Palácio da Alvorada. Na quarta-feira passada a ausência do ministro foi sentida em encontro semelhante com o maior partido da base: o PMDB.

Além de Dilma Rousseff, estavam na reunião com o PTB o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Luiz Sérgio. Entre os seis senadores presentes, um se destacou na lista: Fernando Collor (AL). Pela manhã, Palocci teve um encontro reservado com Dilma, Gilberto Carvalho e a ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Helena Chagas. A pauta, claro, o futuro do ministro da Casa Civil.

Depois, os ministros e Dilma seguiram para a cerimônia de criação do Comitê Nacional de Organização da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

Abaixo, a nota oficial divulgada no final da tarde pela Casa Civil:

“O ministro Antonio Palocci entregou, nesta tarde, carta à presidenta Dilma Rousseff solicitando o seu afastamento do governo. O ministro considera que a robusta manifestação do Procurador Geral da República confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais no período recente, bem como a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta. Considera, entretanto, que a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Diante disso, preferiu solicitar seu afastamento.”

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