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Amianto: Ministério da Saúde pede proibição desde 1995

Proibida em mais de 50 países, substância é considerada cancerígena pela OMS

Por Jones Rossi
23 ago 2010, 11h50

Banido em mais de 50 países, o amianto é considerado uma substância cancerígena tanto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como pela IARC (International Agency for Research on Cancer – Agência internacional de pesquisa sobre o câncer). “Todos os tipos de amianto são cancerígenos”, diz o médico Eduardo Algranti, diretor do centro colaborador em saúde ocupacional da Fundacentro/OMS.

A exposição ao amianto, ou asbestos, como a substância também é conhecida, pode causar vários tipos de câncer, principalmente no pulmão ou na pleura, membrana que reveste o órgão.

O câncer pleural, ou mesotelioma, é causado quase que exclusivamente pelo contato com o amianto. As fibras do asbestos penetram no sistema respiratório, migram para o sistema linfático e se alojam nas membranas, dando início ao processo que desencadeia a doença. A doença mata em 12 meses e praticamente não tem tratamento. “A quimioterapia e outros tratamentos dão uma sobrevida de, no máximo, algumas semanas”, diz Algranti.

“A asbestose, um fibrose pulmonar causada pela exposição ao asbesto é típica dos trabalhadores da indústria do amianto – desde os que trabalham com mineração, com fibrocimento, e com textêis que levam a substância”, afirma Algranti. Segundo ele, o contato com o amianto em pessoas que não fumam aumentam em até 10 vezes a chance de desenvolver um câncer. Se for fumante, em até 50 vezes.

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O médico pneumologista Ubiratan de Paula Santos conhece de perto o problema. No Incor, em São Paulo, atende 200 pacientes com doenças relacionadas ao asbestos. Todos eles trabalhavam na indústria do amianto, seja na produção de telhas e caixas d’água ou na manutenção de aparelhos e estruturas que levam a substância.

“Há vários casos também de mulheres com alteração na pleura – o que pode levar ao desenvolvimento do câncer pleural – que tiveram contato indireto, lavando a roupa do marido que trabalhava com asbestos”, afirma.

Estudos – Segundo ele, a fibra da crisotila, um tipo de amianto que os produtores dizem ser 500 vezes menos perigoso que o amianto “marrom”, é a usada em 95% do amianto consumido no mundo, e nem por isso deixam de aparecer novos casos a cada ano. Foram 2.000 novos casos na Inglaterra, em 2009, 1.600 na França e o mesmo número nos Estados Unidos.

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No Brasil, “os dados sobre as doenças provocadas pela exposição ao amianto no Brasil são dispersos e raros”, de acordo com o Dr. Guilherme Franco, diretor do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST/SVS) do Ministério da Saúde.

Mas estudos divulgados pelo próprio Ministério da Saúde mostram a alta incidência entre quem é exposto ao amianto. Em um deles, em São Paulo, foram diagnosticados 74 pessoas com abestose e 246 casos suspeitos de espessamento pleural entre apenas 828 trabalhadores expostos ao asbestos.

Em outro estudo, 30% de ex-trabalhadores de uma fábrica de cimento-amianto de Osasco, tinham espessamento pleural, um dos primeiros estágios que podem levar ao câncer e deixam os pacientes com dificuldades respiratórias.

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Entre 1980 e 2003, o sistema de informação sobre mortalidade do Ministério da Saúde registrou 2.414 mortes por mesotelioma, um câncer extremamente raro, mas que tem alta incidência entre os trabalhadores da indústria do amianto. Desde 1995, o Ministério da Saúde se pronuncia a favor da proibição do amianto.

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