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Alstom pagou US$ 20 mi de propina no Brasil, diz Suíça

Investigação da Justiça daquele país afirma que parte do dinheiro teria ido parar nos cofres de partidos políticos

Por Da Redação
9 ago 2013, 10h21

Segundo investigações da Justiça da Suíça, a empresa Alstom destinou mais de 20 milhões de dólares em propinas ao Brasil, e parte do dinheiro foi parar em cofres de partidos políticos. Um grupo de dez pessoas foi indiciado pela Polícia Federal por causa do esquema de corrupção da empresa francesa, desmantelado pela apuração na Suíça.

Os documentos mostram informes internos da Alstom que revelariam o esquema para ganhar contratos públicos no Brasil nos anos 1990. Neles, a empresa indica o pagamento de propinas para financiar partidos. A constatação da Justiça de Berna é de que há “evidências claras de suborno” e até uma “tabela oficial” de propina no Brasil. O dinheiro foi destinado a diversos projetos de energia no país, envolvendo Furnas, Eletropaulo, a Usina de Itá e outros empreendimentos.

Um dos depoimentos que marca o caso é o de um colaborador do esquema, Michel Cabane, confirmando que a “Alstom e a Cegelec (subsidiária da Alstom) estavam trabalhando juntas para organizar uma cadeia de pagamentos para tomadores de decisão no Brasil”. Havia até mesmo uma lista de nomes de brasileiros na empresa.

A investigação teve acesso a um comunicado interno da Alstom, de 21 de outubro de 1997. Nele, o então diretor da Cegelec Andre Botto escreveu que o dinheiro era propina. “Isso é uma política de poder pela remuneração”, afirmou. “Ela é uma ‘negociated’ �via o ex-secretário do governador (RM). Ela cobre – as finanças do partido – o Tribunal de Contas (do estado) e a Secretaria de Energia.” A meta era cometer o que os suíços ironizaram como “um crime perfeito”. Parte do dinheiro iria para os políticos, parte para o tribunal e parte para o secretário de Energia que daria os contratos.

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A Justiça suíça não citou partidos, mas indicou que a participação política estava sempre presente. Na época, o estado de São Paulo era governado pelo PSDB. RM seria Robson Marinho, conselheiro do TCE, que, depois de coordenar a campanha de Mário Covas em 1994, foi chefe da Casa Civil entre 1995 e 1997. O Ministério Público suíço revelou cada uma das transferências às contas de Marinho no banco Safdie em Genebra. O dinheiro chegaria via uma offshore uruguaia, a MCA.

Quem também é citado é Romeu Pinto Junior, indiciado como uma das pessoas que teria organizado o pagamento de propinas por meio da MCA. A investigação revela que, em media, 7,5% do valor dos contratos eram destinados ao pagamento de propinas. “De acordo com essas declarações, 7,5% e 1,13% dos contratos iam para a MCA, 3,1% para a Taltos, 0,6% para a Andros e 1,5% para a Splendore.” Essas eram empresas de fachada.

Outra empresa era a brasileira Alcalasser, pela qual teriam passados mais de 50 milhões de reais. Em depoimento a autoridades francesas, o ex-diretor financeiro da Cegelec, Michel Mignot, confirma que a Alcalasser foi criada para pagar propinas. “Ela servia para as comissões”, respondeu à Justiça. Seu superior, Yves Barbier de La Serre, ex-secretário-geral da Cegelec, também confirmou a “caixa-preta”.

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(Com Estadão Conteúdo)

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