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Alívio momentâneo: STF suspende investigação sobre Flávio Bolsonaro

Processo apura se o Zero Um, quando era deputado estadual no Rio, embolsava parte dos salários dos servidores de seu gabinete

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jul 2019, 16h39 - Publicado em 19 jul 2019, 06h30

O presidente Jair Bolsonaro tinha duas convicções quanto ao caso Queiroz. A primeira: a investigação sobre o senador Flávio Bolsonaro, seu filho mais velho, visava a atingir o governo. A segunda: só um recurso aos tribunais superiores em Brasília seria capaz de suspender o processo em que se apura se o Zero Um, quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, embolsava parte dos salários dos servidores de seu gabinete, numa prática conhecida como “rachadinha”. Graças a uma decisão do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), pai e filho estão agora aliviados. Na segunda-feira 15, Toffoli suspendeu todas as investigações criminais que usam, sem autorização judicial, dados detalhados de órgãos de controle, como a Receita Federal, o Banco Central e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Essa questão jurídica esperava deliberação do STF há mais de um ano. Com os colegas de férias, Toffo­li resolveu manifestar-se sobre ela menos de oito horas depois de a defesa de Flávio Bolsonaro ajuizar o pedido de suspensão da investigação. Ou seja: de uma hora para outra, a questão ganhou ares de urgência.

Em petição ao Supremo, a defesa de Flávio Bolsonaro, encabeçada pelo advo­gado Frederick Wassef, alegou que o Ministério Público havia obtido do Coaf dados da vida financeira do senador sem autorização judicial, o que configuraria uma burla ao sigilo bancário. Toffo­li concordou com a tese. Como consequência, foi suspensa também a apuração sobre o policial militar aposentado Fabrício Queiroz. Amigo do presidente da República e ex-­assessor de Flávio Bolsonaro, Queiroz admitiu ter recolhido parte dos salários dos servidores do gabinete do então deputado estadual, mas garantiu que o dinheiro não foi repassado ao clã Bolsonaro e que nada tinha a ver com “rachadinha”. Relatório do Coaf registra que, em apenas um ano, o ex-assessor movimentou 1,2 milhão de reais. O conselho também identificou o depósito de um cheque de Queiroz, no valor de 24 000 reais, na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro. O valor, segundo Jair Bolsonaro, era parte do pagamento de uma dívida que Queiroz tinha com ele.

PIVÔ - Queiroz: cheque de 24 000 reais para a primeira-dama Michelle (./Reprodução)

Em sua decisão, o ministro Toffo­li declarou que a suspensão das investigações criminais baseadas em dados detalhados de órgãos de controle é temporária e vale até 21 de novembro, quando o plenário do Supremo se debruçará sobre o tema. A ressalva não livrou a decisão de críticas. Promotores e procuradores de todo o país consideram a troca de informações bancárias e fiscais uma das mais eficazes ferramentas de investigação de crimes de lavagem de dinheiro e colarinho-branco. Ao menor indício de movimentação suspeita, órgãos como o Banco Central ou o Coaf produziam relatórios e os encaminhavam rapidamente às autoridades para averiguação. O procurador Eduardo El Hage, da Lava-Jato no Rio de Janeiro, disse que a ordem do presidente do STF “suspenderá praticamente todas as investigações de lavagem de dinheiro no Brasil”. O chefe do MP paulista, Gianpaolo Smanio, afirmou que apurações sobre tráfico de drogas e sobre o Primeiro Comando da Capital também serão suspensas. Já o clã Bolsonaro, tão contundente contra decisões do Supremo que contribuiriam para a impunidade, desta vez trocou o discurso estridente pela comemoração silenciosa.

Publicado em VEJA de 24 de julho de 2019, edição nº 2644

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