Alfredo Nascimento busca apoio de bancada
Ministro dos Transportes reúne parlamentares do PR para discutir revelações feitas por VEJA. Líder do partido adota tom de cautela
O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), convocou a bancada de seu partido no Senado, nesta segunda-feira, para tratar das revelações feitas por VEJA, que mostrou a existência de um grande esquema de corrupção na pasta. Embora parte da cúpula da pasta tenha sido afastada, Nascimento ainda se mantém no cargo por decisão da presidente Dilma Rousseff – uma manobra arriscada, que embute o risco de aproximar a crise do Palácio do Planalto.
As declarações na chegada ao local demonstraram que, dentro do próprio PR, existem posições divergentes sobre o caso. “O ministro tem o apoio do partieo. Hoje ele recebeu apoio também da presidente e creio que os outros colegas venham trazer o apoio ao ministro”, afirmou Blairo Maggi (MT). Ele se disse contrário ao afastamento dos suspeitos. Entre eles Luiz Antônio Pagot, figura importante do partido e diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Já o líder da bancada, Magno Malta (ES), deu a entender que não coloca a mão no fogo pelos envolvidos – embora tenha dito confiar em Alfredo Nascimento: “A gente não conhece o coração das pessoas. Quem cometeu erros, que responda por eles e não leve as pessoas à vala comum”, disse, elogiando o afastamento de Pagot.
Reportagem – A edição de VEJA mostra que, no último dia 24, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com integrantes da cúpula do Ministério dos Transportes no Palácio do Planalto para reclamar das irregularidades na pasta. Ao lado das ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e MÍriam Belchior (Planejamento), ela se queixou dos aumentos sucessivos dos custos das obras em rodovias e ferrovias, criticou o descontrole nos aditivos realizados em contratos firmados com empreiteiras e mandou suspender o início de novos projetos.
Dilma disse que o Ministério dos Transportes está sem controle, que as obras estão com os preços “inflados” e anunciou uma intervenção na pasta comandada pelo PR – que cobra 4% de propina das empresas prestadoras de serviços.