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Agnelo se enrola ao explicar compra de casa

Governador não comprovou origem de recursos que permitiram o negócio e o antigo dono do imóvel foi beneficiado por ato do petista à frente da Anvisa

Por Gabriel Castro e Laryssa Borges
13 jun 2012, 15h21

Apesar de negar a existência de irregularidades na compra da casa onde vive, uma mansão de 550 metros quadrados em uma área nobre de Brasília, o governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, se enrolou ao ano comprovar a origem dos recursos que permitiram a aquisição do imóvel. O petista, que depõs à CPI do Cachoeira nesta quarta, pagou 400 000 reais pela casa em 2007. Um ano antes, ele havia declarado à Receita Federal ter um patrimônio de apenas 224 000 reais.

Agnelo, que falou por dez horas à CPI, processou os jornalistas que fizeram reportagem sobre a venda da casa. Durante o processo, o petista foi instado pela Justiça a apresentar sua declaração de imposto de renda que poderia comprovar a origem dos recursos usados na transação. O petista se negou: mostrou apenas os comprovantes de que havia entregue sua declaração do imposto de renda. “Esses extratos não demonstram sequer que a aquisição da casa foi incluída nas declarações de IR”, afirmou a juíza Priscila Faria da Silva.

A magistrada condenou o governador a pagar 3 000 reais aos jornalistas. À CPI, Agnelo prometeu comprovar a origem dos recursos usados na compra do imóvel: “Isso será reparado absolutamente. Vou fazer isso”, disse. Agnelo disse ter renda familiar suficiente para adquirir a casa com um ano de economias.

O antigo dono do imóvel, o empresário Glauco Santos, é dono de uma empresa que, meses depois da transação, foi beneficiada por um ato assinado diretamente por Agnelo – então diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária: o petista firmou a permissão de funcionamento da companhia de Glauco.

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Agnelo não vê problema em ter referendado o ato: “É um atestado absolutamente simples”, disse. Glauco Santos também se transformou em sócio da mãe e da irmã de Agnelo em franquias de restaurantes. O petista acha tudo normal. “É uma relação privada, empresarial”, afirmou.

Além da falta de comprovação da origem dos recursos, a transação chama a atenção pelo valor: os 400 000 reais não são, nem de longe, suficientes para pagar um imóvel semelhante ao do petista na mesma região. Agnelo disse não saber quanto vale, hoje, a mansão. “Não sei, não sou corretor”, respondeu ele, secamente, quando questionado pelo deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).

Depoimento – Mais cedo, Agnelo afirmou à CPI do Cachoeira que abre mão de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. O petista, convocado a prestar esclarecimentos sobre a ligação de sua gestão com a máfia comandada pelo bicheiro, começou a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito pouco antes das 11h.

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No depoimento à CPI, o governador também disse manter a confiança em Cláudio Monteiro, que era seu chefe de gabinete e deixou o cargo após escutas da Polícia Federal indicarem que ele recebia propina da quadrilha de Carlinhos Cachoeira para facilitar a infiltração da Delta no governo local. Agnelo sustentou a tese de que não houve cooptação de seu assessor porque os objetivos da quadrilha não foram atingidos: “A informação que eu tenho dele é essa e eu não tenho motivo nenhum para desconfiar disso, porque não teve nenhuma ação que favorecesse a Delta”.

Agnelo admitiu ter se encontrado uma vez com Carlinhos Cachoeira ao visitar uma indústria farmacêutica do contraventor, ainda quando era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): “Eu visitei uma fábrica da Vitapan, como fiz visitas em outros estados do Brasil”, afirmou. “Esse foi o único contato que eu tive com o senhor Carlos Cachoeira.”

Acompanhe ao vivo o depoimento de Agnelo à CPI:

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