Agnelo é exaltado por militantes no seu aniversário
Ao lado de José Dirceu, réu do mensalão, governador do DF diz que suspeitas são coisa do passado. Pedidos de impeachmet foram arquivados
Sob fogos de artifício e prestigiado por “estrelas” petistas, como o ex-ministro José Dirceu e o deputado Rui Falcão, presidente nacional do partido, o governador Agnelo Queiroz (PT) comemorou nesta quarta-feria, em uma churrascaria, seu aniversário de 53 anos. O evento, que teve a presença de dirigentes de 14 partidos da base aliada, serviu de desagravo a Agnelo, alvo de pedidos de impeachment e abertura de CPIs por denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público.
Mais de 1.000 militantes compareceram à festa, que se prolongou até altas horas e abarrotou o salão, com capacidade para 600 pessoas. Embora o cardápio fosse churrasco com arroz, os cartazes sugeriam pizza. Houve saudações do presidente da Câmara Distrital, deputado Cabo Patrício (PT), com faixas de “parabéns, companheiro”. À tarde, a Casa havia arquivado dois pedidos de abertura de CPI e até a convocação de testemunhas para depor.
Agnelo, que foi ministro do Esporte de 2003 a 2006, é acusado de envolvimento em irregularidades do Programa Segundo Tempo, que derrubaram o ministro Orlando Silva, e de receber propina de uma indústria farmacêutica quando foi diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2007 a 2010. O lobista Daniel Tavares entregou à Polícia Federal (PF) o extrato de um depósito de 5.000 reais na conta do governador e um áudio em que confessa que entregava propina regularmente a Agnelo.
Para o ex-ministro José Dirceu, tudo foi uma grande armação da oposição. Dirceu argumentou que a crise foi superada depois do recuo do lobista, que disse ter sido subornado para denunciar Agnelo. “Que crise?”, indagou Dirceu, que é réu no processo do escândalo do mensalão petista. “É denúncia vazia, desmoralizada, de um denunciante que voltou atrás”. Para ele, governo do DF retornou aos trilhos. “Era tudo uma patacoada de derrotados”.
O público retribuiu o apoio do ex-ministro com o brado que mais o agrada: “Dirceu, guerreiro, do povo brasileiro”. Para agradar Agnelo, os militantes, na falta de uma rima original, apelaram para um jingle da seleção brasileira: “A copa do mundo é nossa, com o Agnelo, não há quem possa!”.
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Juscelino – Oradores se revezaram em discursos triunfalistas. “Acabou seu inferno astral, companheiro”, bradou o deputado Chico Vigilante (PT), líder da tropa de choque que blinda o governador na Câmara Distrital. Rui Falcão lembrou que sua presença simbolizava “a solidariedade integral do PT do Brasil inteiro” a Agnelo. “Não nos acuarão com calúnias e mentiras torpes”, disse o dirigente petista. “Eles nos atacam de forma covarde, protegidos pelo anonimato. Você age à luz do dia, de forma transparente”.
Animado, Agnelo comparou-se a Juscelino Kubitschek que, conforme destacou, também foi alvo de calúnias e difamações. “Isso nada mais é que uma mentira da UDN do passado, repetida pela direita do presente”, afirmou. “Acham que destruindo a imagem das pessoas, nivelam todos por baixo e assim podem voltar ao poder. Mas nesse caso, foi desmascarada a testemunha comprada”.
O governador começou o discurso saudando o vice, Tadeu Filipelli (PMDB), o maior beneficiário de uma eventual derrocada do titular, e reafirmou seu compromisso com uma mudança radical no modo de governar Brasília. “Hoje a cidade está em outro patamar, tem uma agenda positiva com a Copa e os grandes eventos que ocorrerão nos próximos cinco anos”, disse. “Tudo dentro da legalidade, ética e compromisso público.”
Ele afirmou ainda que, em dez meses de governo, não houve um só escândalo ou denúncia contra seu governo, insinuando que os problemas com a Justiça são coisa do passado. O que ocorre agora seria fruto de revanche sórdida da oposição de extrema direita. “O nosso rigor em investigar as maracutaias do passado incomoda”, afirmou. “Daí os ataques para desestabilizar o governo. Não vamos abrir mão um milímetro do caminho que adotamos para a cidade”.
(Com Agência Estado)