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Aécio acertou fraude em licitação de obra em Minas, diz delator

Segundo delação do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, foi acertado entre 2,5% e 3% de propina sobre o total dos contratos

Por Da redação
Atualizado em 2 fev 2017, 08h51 - Publicado em 2 fev 2017, 08h45

O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior, afirmou em sua delação premiada aos procuradores da Operação Lava Jato que se reuniu com Aécio Neves (PSDB-MG) para tratar de um esquema de fraude em licitação na obra da Cidade Administrativa, sede do governo mineiro, em Belo Horizonte, para favorecer grandes empreiteiras. As informações são da edição desta quinta-feira do jornal Folha de S. Paulo.

A reunião, segundo o delator, ocorreu quando o tucano governava Minas Gerais. Benedicto Júnior, conhecido como BJ, disse aos procuradores que, após o acerto, Aécio orientou as construtoras a procurarem Oswaldo Borges da Costa Filho, conhecido como Oswaldinho. De acordo com o depoimento de BJ, Oswaldinho e as empreiteiras definiram o percentual de propina que seria repassado pelas empresas no esquema.

Ainda segundo o delator, esses valores ficaram entre 2,5% e 3% sobre o total dos contratos. Em nota, Aécio repudiou o teor do relato de Benedicto Júnior e defendeu o fim do sigilo sobre as delações “para que todo conteúdo seja de conhecimento público”.

Oswaldinho é colaborador das campanhas do senador mineiro. Segundo o ex-executivo da Odebrecht foi o próprio Aécio quem decidiu quais empresas participariam da licitação para a obra.

Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), a Cidade Administrativa custou 2,1 bilhões de reais à época. Foi inaugurada em 2010, último ano de Aécio como governador, sendo a obra mais cara do tucano no governo de Minas. Niemeyer não queria que empresas pequenas participassem da obra porque considerava o projeto extremamente complexo e temia que empresas pequenas não conseguissem executá-lo.

Com Oswaldinho, as empreiteiras negociariam, de acordo com Benedicto Júnior, como seriam feitos os pagamentos. As informações fornecidas por BJ em sua delação premiada foram confirmadas e complementadas pelos depoimentos do ex-diretor da Odebrecht em Minas Sergio Neves.

Sergio Neves aparece nas investigações como responsável por operacionalizar os repasses a Oswaldinho e é ele quem detalha, na delação, os pagamentos a Aécio. O líder do consórcio, que contou com Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão, a Odebrecht era responsável por 60% da obra e construiu um dos três prédios que integram a Cidade Administrativa – o Edifício Gerais.

Benedicto Júnior e Sérgio Neves estão entre os 77 funcionários da Odebrecht que assinaram acordo de colaboração com a Lava Jato. As delações foram homologadas pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmén Lúcia, e enviadas à Procuradoria-Geral da República, sob sigilo.

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Recall de delações

Em razão das confissões de BJ e Sergio Neves, procuradores da Lava Jato exigiram dos advogados da Andrade Gutierrez, no fim de 2016, uma espécie de complementação das delações de seus executivos, que eles chamam de “recall”.

Isso porque, segundo investigadores, funcionários da Andrade não detalharam o esquema de propina na Cidade Administrativa e em outras duas obras especificadas nas delações da Odebrecht: a construção do Rodoanel e do Metrô, em São Paulo.

Nas próximas semanas, o ex-presidente da AG Energia Flávio Barra e o ex-vice-presidente institucional da empresa Flávio Machado serão ouvidos novamente em Curitiba. Outros executivos da empresa também podem ser incluídos no “recall”.

Barra dará detalhes das obras em São Paulo, enquanto Machado vai confirmar a versão que Oswaldinho cobrou propina de 3% do valor dos contratos da Cidade Administrativa, o que chegaria a cerca de 40 milhões de reais somente na parte da Andrade.

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