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Acuada, Dilma afaga o PT e promete rever pontos do ajuste fiscal

Embora a sigla esteja no centro do escândalo do petrolão, partido avalia que medidas provocam desgaste maior para Dilma do que a Lava Jato

Por Da Redação
24 mar 2015, 07h47

Acuada diante do agravamento da crise política e sem apoio do próprio partido para aprovar propostas impopulares de ajuste fiscal, alvo de resistência entre os parlamentares da base, a presidente Dilma Rousseff comunicou ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que está disposta a mudar as medidas provisórias 664 e 665, que restringem a concessão de benefícios trabalhistas e integram o pacote proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Dilma não detalhou quais pontos estaria disposta a ceder, mas o comunicado foi bem recebido pelo partido. As MPs 664 e 665 são apontadas pela sigla como o principal motivo de desgaste da presidente neste início de segundo mandato, maior até do que as denúncias de corrupção na Petrobras reveladas pela Operação Lava Jato. A disposição de Dilma em reduzir o corte é vista como indício de uma reação política. Se mantidas como estão, as MPs renderiam uma economia de 18 bilhões de reais ao ano para o governo.

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Com a abertura de ação penal contra o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, e o indicado de José Dirceu à Diretoria de Serviços da Petrobras, Renato Duque, o PT foi arrastado de vez para o centro do escândalo do petrolão. Ainda assim, um dirigente petista afirmou ao jornal que as denúncias sobre a Petrobras já eram públicas durante a campanha eleitoral, enquanto as medidas de ajuste fiscal pegaram de surpresa tanto o partido da presidente quanto os movimentos sociais, em especial sindicatos, que gravitam no entorno do partido. Pesquisas internas mostram que parte do eleitorado petista considerou as MPs um “estelionato eleitoral”.

Em um evento da campanha de 2014 em Campinas (SP), Dilma foi questionada sobre a possibilidade de mudar direitos trabalhistas e respondeu: “nem que a vaca tussa”. Nos protestos que levaram multidões às ruas no dia 15 de março, vários manifestantes abordaram o tema em cartazes com a frase: “a vaca tossiu”. Além disso, as medidas provocaram distanciamento entre Dilma e os movimentos historicamente ligados ao PT que também protestaram nas ruas contra as medidas, dois dias antes.

Acerto de ponteiros – Na noite desta segunda-feira, mais de vinte parlamentares petistas participaram de um reunião com ministros da equipe econômica para discutir as MPs. O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), afirmou que defenderá na próxima reunião da bancada que as duas medidas provisórias sejam aprovadas tais quais editadas pelo Executivo, mas ponderou que ainda não existe posição fechada e que a legenda pode pedir alterações pontuais. “Os parlamentares estão mais tranquilos”, disse Sibá.

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A necessidade de Dilma recuar diante das MPs foi objeto de reuniões do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, e do senador Paulo Paim (PT-RS) com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e com Lula em São Paulo. O ex-presidente age para evitar que as medidas provoquem uma debandada de aliados históricos e quadros políticos do PT. Insatisfeito com o PT desde a campanha eleitoral, Paim tem sinalizado a possibilidade de deixar a legenda se as MPs forem aprovadas e deixou claro que não vai apoiá-las. Ao saber da insatisfação do parlamentar, PSB, Solidariedade, PMDB e PDT se ofereceram para abrigá-lo.

Em fevereiro, Dilma já havia sinalizado que o conteúdo das MPs não era estanque. “Estamos aperfeiçoando a legislação (de benefícios trabalhistas) porque ela tem que ser aperfeiçoada. Assim como fizemos com o Bolsa Família. Acho que sempre há negociação. Ninguém acha que em um País democrático como o Brasil, que tem um Congresso livre, que tem movimentos sociais sendo ouvidos e com os quais você dialoga, seja algo fechado, que não há negociação”, disse a presidente a jornalistas após uma cerimônia diplomática no Palácio do Planalto.

A disposição de recuar na questão dos benefícios ocorre no momento em que Dilma enfrenta uma rebelião da base no Congresso, manifestações que pedem sua saída e os piores índices de aprovação desde que assumiu o governo.

(Com Estadão Conteúdo)

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