Ação do tráfico muda agenda de Marina no Rio
Principal cabo eleitoral do candidato Alessandro Molon altera programação com receio de cruzar com bandidos na Maré
A violência do Rio de Janeiro teve reflexos na primeira agenda de campanha de Marina Silva (Rede) nestas eleições. Na manhã desta sexta-feira, a caminhada programada com o candidato à prefeitura Alessandro Molon foi cancelada devido à circulação de traficantes no Complexo de Favelas da Maré. Marina planejava visitar a localidade chamada Parque União, mas preferiu participar apenas de um encontro na ONG Redes da Maré.
VEJA apurou que os carros da campanha, que levavam Marina e Molon, foram abordados por traficantes armados na Maré. Segundo duas pessoas que acompanharam o episódio, os criminosos pediram para que os motoristas baixassem os vidros e explicassem o que fariam no local. Após o incidente, a assessoria de Molon pediu que os jornalistas não acompanhassem o candidato na favela, alegando “questões de segurança”.
Segundo Pedro Ivo Batista, assessor político de Marina, a equipe teve informações da movimentação de traficantes e foi orientada a não caminhar com bandeiras ou registrar imagens durante a visita. Questionado, Molon negou a informação da abordagem feita pelos bandidos, mas comentou as mudanças na agenda. “Na Maré percebemos a falta de segurança e que as pessoas não têm assegurado seu direito de ir e vir”, disse durante a gravação de um vídeo para sua campanha.
Presente durante toda a agenda do candidato nesta sexta, Marina foi calorosamente recebida nas comunidades. A ex-senadora tem viajado o país para fortalecer a imagem dos candidatos e consolidar o programa da Rede. Na Cidade de Deus e na Rocinha, ela cumprimentou moradores, comerciantes e pediu votos para Molon.
A ex-senadora falou sobre a sessão no Senado que votou pelo impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Ela anunciou que a Rede vai reforçar o pedido feito pelo PV ao Supremo Tribunal Federal de anular a votação que manteve Dilma elegível. “Foi um claro acordo do PT com o PMDB, preocupados com Renan, Collor e Cunha, porque o desdobramento disso é usar a jurisprudência para ela e para beneficiar o Cunha logo em seguida. A Rede vai entrar com um amicus curiae (uma ação de apoio à outra existente) porque não queremos replicar nenhuma ação. Não se pode fazer as leis pensando em uma pessoa. A gente não pode fulanizar as coisas”, disse.