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A presidente que só pensa em eleição

Dilma passou a semana longe do Palácio do Planalto, priorizando a gravação de imagens para a campanha eleitoral. E não vê problema nisso

Por Gabriel Castro, de Novo Hamburgo
24 ago 2014, 10h43

No primeiro dia de propaganda eleitoral na televisão, a presidente Dilma Rousseff foi apresentada como uma gerente ocupada, que “acorda cedo, trabalha muito e tenta aproveitar qualquer tempinho que resta para ter uma vida normal, como qualquer pessoa”. Surgiram imagens da chefe do governo cortando tomate e colocando macarrão em uma travessa – usando tailleur azul, maquiagem e joias refinadas. Estes seriam os únicos momentos em que ela deixa de lado o papel de chefe da nação. Mas, pela programação de Dilma na última semana, a prioridade não é governar o Brasil. Toda a agenda da semana foi ocupada por eventos de campanha.

Na segunda-feira, Dilma não teve compromissos oficiais: passou o dia se preparando para a entrevista que deu à noite ao Jornal Nacional. Na terça, visitou obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia. Também esteve na linha de transmissão Porto Velho-Araraquara. O evento aconteceu para que ela pudesse gravar imagens para a propaganda eleitoral. Na quarta-feira, a presidente visitou alunos do Pronatec em Belo Horizonte. O objetivo, novamente, era produzir cenas para a TV. Na quinta, outra viagem: Dilma foi a Pernambuco gravar imagens nas obras da Transposição do Rio São Francisco. Ela visitou os trechos do empreendimento (uma das obras mais atrasadas de seu governo) nas cidades de Cabrobó e Floresta.

Depois, almoçou com operários e pegou o avião presidencial rumo a Paulo Afonso (BA). Eis o compromisso de Dilma na cidade, segundo a agenda divulgada pelo Palácio do Planalto: “Visita à Comunidade Batatinha – visita à propriedade da Dona Nalvinha”. Dona Nalvinha, que recebeu até implantes dentários para poder participar da gravação, é atendida pelo programa federal Água Para Todos. Sexta-feira foi a vez de ir a Porto Alegre – e não é a primeira vez que Dilma arranja uma agenda na cidade para, em seguida, aproveitar o fim de semana ao lado da família. À tarde, andou de trem metropolitano para filmar cenas para a TV. Às 19 horas, a presidente participou de um comício ao lado de políticos locais. Antes disso, a agenda estava vazia: Dilma passou a maior parte do tempo com filha e o neto, que vivem na cidade. A equipe de campanha ainda agendou para o sábado uma série de encontros com prefeitos gaúchos.

As visitas a obras para gravar peças de propaganda começaram há três semanas. À frente nas pesquisas e já conhecida pelos eleitores, a presidente (que tem sido vaiada em suas últimas aparições públicas sem plateia domesticada) priorizou o horário eleitoral na TV. O fato de o PT ter quase 11 minutos em cada bloco, quase o dobro de Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) juntos, ajuda. As bem elaboradas peças publicitárias, coordenadas pelo marqueteiro João Santana, são a arma na qual o partido confia para assegurar a vitória.

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O dilema da presidente-candidata é o mesmo enfrentado por Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. Mas, nos casos dos antecessores, havia uma tentativa de discrição que Dilma parece ter abandonado. A petista ainda restringe sua participação em comícios a eventos realizados à noite. Mas a gravação de imagens para a propaganda eleitoral é feita no meio do que seria o expediente de trabalho, com a frágil desculpa de que a chefe de governo está cumprindo agenda mista.

Questionada pelo site de VEJA na última sexta-feira, no Rio Grande do Sul, a chefe do governo respondeu que a vistoria das obras também é papel de presidente. E sinalizou ser onipresente: “Estamos numa época bendita: a tecnologia permite que eu acompanhe tudo o que eu quiser em tempo real. Você passa a ser múltipla: ao mesmo tempo em que você está fazendo uma coisa, você está fazendo outra”.

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