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A mão amiga

Os honorários do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, são um fenômeno. Só na Fecomércio do Rio, levou nada menos que 18 milhões de reais em um ano

Por Da Redação 13 abr 2016, 19h54

A amizade entre Lula e o advogado paulista Roberto Teixeira, seu compadre, rendeu uma série de benefícios à família do ex-presidente. Lula morou durante anos em um imóvel do advogado. O filho Luís Cláudio hoje ocupa outro. Ambos sem pagar aluguel. O escritório de advocacia Teixeira Martins é acionado toda vez que os Lula da Silva se enrolam na Justiça – gratuitamente, para não perder o hábito. A Operação Lava-Jato já encontrou evidências de envolvimento do advogado na engrenagem montada para ocultar a quem pertence de fato o célebre sítio de Atibaia. E o que Teixeira ganha em troca de tantos favores? No mínimo, conexões. Isso nunca ficou tão claro quanto na contabilidade dos serviços prestados pelo Teixeira Martins à Federação do Comércio do Estado do Rio (Fecomércio-RJ). Em um ano e três meses de trabalho, oito notas fiscais obtidas por VEJA mostram que o escritório embolsou 18 milhões de reais, valor muito acima do padrão.

A Fecomércio faz parte do chamado Sistema S, um feudo petista desde o início da era Lula. Movimenta 1 bilhão de reais por ano. Quando Orlando Diniz, o presidente da federação desde 1997, viu seu cargo ameaçado e o órgão sob risco de intervenção, chamou o amigo de Lula, que foi eficientíssimo. Diniz permanece até hoje no comando. Em troca, Teixeira recebeu valores despropositados sob qualquer ângulo, segundo seis advogados ouvidos por VEJA. A título de comparação: a mesma Lava-Jato concluiu que o criminalista Nilo Batista faturou 8,8 milhões de reais ao longo de quinze anos com a Petrobras. É menos da metade do que Teixeira recebeu e por um tempo muito mais largo. Diniz pôde ser magnânimo porque não pagou quase nada do próprio bolso. O caixa da Fecomércio bancou a conta.

Teixeira foi contratado para defender Diniz em uma guerra interna com a Confederação Nacional do Comércio (CNC) deflagrada em 2011. Os conselhos nacionais do Sesc e do Senac pediram uma intervenção na seção regional do Rio por irregularidades em gastos com patrocínio de eventos que nada tinham a ver com a finalidade das duas entidades. A CNC entrou na Justiça para destituir Diniz, e iniciou-se uma batalha judicial entre Rio e Brasília. Amparado na proximidade de seu advogado com os poderosos, o presidente da Fecomércio esbanjava confiança em relação aos processos. “Nas reuniões, ele se gabava de ser amigo de Lula e de Sérgio Cabral (ex-governador do Rio)”, contou a VEJA um ex-diretor da federação.

As notas fiscais mostram que o escritório Teixeira Martins começou a receber da Fecomércio em 2013, mas mais de 90% dos honorários foram pagos no ano seguinte. O processo ainda não se encerrou e, se durar muito tempo, vai correr o risco de virar o mais caro da história. Procurado, Teixeira não retornou as ligações. Diniz, por sua vez, defendeu a contratação do escritório para “recuperar a administração do Sesc e do Senac”, mas não comentou os valores pagos. Nos autos do processo, o compadre de Lula continua a atuar na defesa.

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