A mais nova fake news contra Moro: milhões de dólares embolsados
Ex-juiz soube da existência de um suposto relatório que dizia que ele teria recebido uma bolada astronômica da consultoria Alvarez&Marsal
Nos primeiros dias do ano, Sergio Moro recebeu a informação de que circulava pelo mundo político um suposto relatório de inteligência financeira que lhe atribuía um salário acumulado de 5 milhões de dólares nos meses em que atuou como diretor contratado pela consultoria americana Alvarez&Marsal. O documento, identificado como falso pelo ex-juiz, integra mais uma das armas de ataque contra o pré-candidato do Podemos à Presidência da República e reforça suspeitas de integrantes do Tribunal de Contas da União (TCU), que tentam descobrir se houve irregularidades ou uso ilegal de dinheiro público na passagem de Moro pela iniciativa privada.
A ironia da nova fake news contra o ex-magistrado é que o laudo do suposto monitoramento em suas contas bancárias e que comprovaria os milhões de dólares embolsados teria sido feito pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, órgão de inteligência responsável por rastrear indícios de lavagem de dinheiro e que, desidratado pelo governo Bolsonaro, foi o estopim do processo que levou o hoje presidenciável a pedir demissão do Ministério da Justiça em 2020.
No TCU, onde o subprocurador do Ministério Público junto a instituição Lucas Furtado e o relator Bruno Dantas são críticos notórios da Operação Lava-Jato, órgãos técnicos da Corte já se manifestaram, por mais de uma vez, contra a devassa no histórico de Moro como executivo e afirmaram não haver irregularidades contra o ex-juiz. “O modelo de negócio adotado pelo Grupo (Odebrecht), baseado no cometimento de fraudes, corrupção e ‘caixa 2’, por muito mais de uma década, é que o levou à situação atual de recuperação judicial e a própria condição de investigado”, diz o parecer dos técnicos anexado ao caso.
Ainda assim, o tribunal prepara novas frentes de investigação para tentar corroborar a tese de que Sergio Moro utilizou informações confidenciais da Lava-Jato, como o acordo de leniência da Odebrecht, para lucrar na iniciativa privada e fechar contrato com a consultoria americana, responsável pelo processo de recuperação judicial da empreiteira. Uma delas é apurar se havia uma espécie de cláusula não escrita, supostamente feita por membros do Ministério Público que atuaram no petrolão, para que a Alvarez&Marsal fosse contratada em casos de administração judicial pós-Lava-Jato. Uma reportagem da nova edição de VEJA mostra que empresas investigadas no petrolão respondem por 75% da arrecadação da Alvarez&Marsal no Brasil.