A ‘crise de RH’ do Black Bloc: manifestantes pedem reforços para manter ocupações e protestos no Rio
Com quatro ocupações simultâneas e atos programados com frequência diária, grupo tem dificuldade de manter "efetivo". Ações violentas começam a afastar manifestantes contrários a depredações























Com ocupações simultâneas em diferentes pontos da cidade e protestos quase diários, os manifestantes que atuam no Rio – em especial os adeptos do Black Bloc – começam a enfrentar um problema que, em instituições tradicionais, seria considerado uma “crise de recursos humanos”. O problema é, na prática, de falta de gente. Quatros pontos na capital e em Niterói, na região metropolitana do Rio, estão ocupados de forma permanente, o que tem provocado redução do contingente em cada um dos atos. Ao mesmo tempo, rachas internos, como a divisão entre os que querem a radicalização e os que não concordam com o quebra-quebra, provocam uma redução nos níveis de presença nos atos de protesto.
A queda na adesão levou o Anonymous e os Black Blocs a publicarem pedidos por reforços no Facebook. O Anonymous, que desde o início das mobilizações faz convocações para diversos protestos, pede ajuda para o Ocupa Cabral, no Leblon. O movimento exige a renúncia do governador Sérgio Cabral e mantém um acampamento na Avenida Delfim Moreira desde o dia 4 de julho. No Centro, o pedido é por apoio ao grupo que ocupa desde sexta-feira a Câmara Municipal do Rio e exige mudanças na composição da CPI dos ônibus. Os outros dois pontos que precisam de reforços são a área ao lado do antigo museu do índio – a “Aldeia Maracanã” – e a Câmara Municipal de Niterói, ocupada desde quinta-feira.
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O Anonymous teme que, com poucos ocupantes, os quatro acampamentos sejam removidos pela polícia, como ocorreu na rua do governador Sérgio Cabral na noite de 2 de julho. Em reação à ação da polícia, dois dias após a retirada dos manifestantes, novo protesto culminou com a reocupação do local. “A Ocupação Fora Cabral está necessitando de reforços de pessoas, pois tem pouca gente, muito policial (…) e boatos de que haverá desocupação pela madrugada”, escreveu o Anonymous no último domingo.
É certo que o ritmo das manifestações não sustentaria, com tantas repetições, os volumes de dezenas de milhares de pessoas a cada nova reunião. Mas a queda na adesão indica, principalmente, uma queda na aprovação popular, senão no conteúdo, na forma dos protestos. Na sexta-feira, restavam 11 dos mais de 100 manifestantes que ocuparam a Câmara Municipal na semana passada. A maioria não suportou o cansaço, a comida limitada e a falta de banho.
Na quarta-feira, um integrante do Black Bloc que participa da ocupação em Niterói postou um pedido de ajuda aos colegas mascarados do Rio. “Estamos convocando Black Blocs do Rio, Niterói e São Gonçalo. Estamos ocupando a Câmara de Niterói desde quinta-feira e não estamos conseguindo segurar a corrente muito forte. Estamos recebendo algumas ameaças (…). Por favor, compareçam. Estamos precisando bastante de vocês”, diz um jovem mascarado, em um vídeo no Facebook.
Desde o dia 2 de julho, quando a polícia expulsou os manifestantes que haviam fixado barracas na Delfim Moreira em 21 de junho, os Black Blocs passaram a ocupar o acampamento do Leblon. Segundo testemunho de pessoas que participaram da primeira ocupação, os jovens mascarados – que se autodominam a “tropa de choque do povo” e que reiteradas vezes enfrentaram a polícia durante as manifestações – se revezam para manter a ocupação.
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Para acampamentos como o do Leblon, o problema é também que o Black Bloc deixou de ter ampla aprovação dos manifestantes, e há brigas entre os ocupantes. Atualmente, grande parte dos que atuaram na primeira ocupação da rua do governador desistiu de permanecer no local. Moradores da região, que chegaram a fazer doações de água e comida ao grupo, hoje reclamam das brigas, das agressões contra jornalistas e da postura hostil em relação a quem tenta simplesmente chegar e acampar – afinal, o movimento se propõe apartidário e sem liderança individual.
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