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Usuário sai ganhando da compra da Motorola pelo Google

Ao assumir controle sobre hardware, software e distribuição, gigante de buscas poderá oferecer produto completo – sem riscos de incompatibilidade

Por James Della Valle e Renata Honorato
15 ago 2011, 20h22

Nesta segunda-feira, o Google deixou os mercados de olhos arregalados ao anunciar a aquisição da Motorola Mobility, fabricante de tablets e celulares. O preço: 12,5 bilhões de dólares, a maior operação já realizada pela gigante de buscas. Certamente, há diversas razões mais ou menos visíveis para um negócio desse tamanho. Mais importante, por ora, é o fato de que usuário poderá sair ganhando com a operação.

Declaradamente, o Google está de olho nas patentes da Motorola Mobility – são 17.000 já sob sua propriedade e outras 7.500 a caminho. Controlando o direito de uso dessas invenções, a empresa escapa de disputas jurídicas, muito comuns no setor de tecnologia. As patentes incluem itens tão diversos quanto o design de aparelhos e o funcionamento de aplicativos e sistemas móveis. Sem dominá-las, o Google tem sido alvo de processos que cobram da gigante o pagamento por seu uso. “O Google se esforçou na aquisição de patentes nos últimos leilões, mas não se saiu muito bem. A compra da Motorola foi uma saída. A partir de agora, a companhia poderá criar novas ferramentas sem a necessidade de pagar royalties a terceiros”, diz Fernando Belfort, analista sênior da consultoria Frost & Sullivan.

Mas o Google não está apenas atrás de tal proteção legal. A aquisição da Motorola Mobility tem poder de intensificar o aperfeiçoamento de seu sistema operacional para dispositivos móveis, o Android, além de forçar melhorias na fabricação dos aparelhos (próprios ou de terceiros) que ganham vida com esse sistema: smartphones e tablets.

A empresa já havia tentado isso no passado, ao firmar parceria com fabricantes para a produção de aparelhos. É o caso do Nexus One, da HTC, e do Nexus S, da Samsung – tentativas malfadadas, infelizmente. Ambos recebem atualizações integrais do Android, ou seja, a versão do sistema operacional que sai da cabeça dos engenheiros do Google. Isso garante aos aparelhos mais estabilidade e total compatibilidade com os aplicativos mais modernos do mercado – algo que é invejável no iOS, do iPhone. O reverso desse mecanismo tem prejudicado o usuário. Empresas como Sony e a própria Motorola costumam fazer intervenções no Android, inserindo recursos e interfaces exclusivas para seus aparelhos. Essas alterações podem atrasar ou mesmo tornar inviável a atualização do sistema operacional nos dispositivos, deixando o mercado repleto de smartphones com versões diferentes e que nem sempre são capazes de desfrutar de todos os aplicativos disponíveis nas lojas virtuais.

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Com as linhas de produção da Motorola Mobility sob controle do Google, deve emergir um padrão unificado para celulares e tablets, que explore integralmente os recursos oferecidos pelo Android. Na prática, isso desaguará o que, nas palavras da Apple, é traduzido como “experiência mais prazerosa ao usuário”. Ao assumir o controle sobre hardware, software e distribuição, a gigante poderá oferecer um produto completo – sem riscos de incompatibilidade de hardware e programas. O passo seguinte será induzir outras empresas que adotam o Android a fazer o mesmo. Um novo celular com a última versão do sistema, e com capacidade para rodar todos os aplicativos disponíveis no mercado oficial, pode abrir os olhos dos competidores que oferecem uma experiência falha e incompleta, mas que possuem capacidade para fazer produtos melhores.

A padronização do Android deverá ainda ter um efeito positivo sobre os desenvolvedores independentes de aplicativos. Atualmente, eles sofrem com a variedade de versões do Android disponíveis no mercado. Para alimentar aparelhos que rodam com versões que vão da 1.6 à 2.3, aqueles profissionais são obrigados a refazer boa parte de seus trabalhos, adequando seus produtos a cada uma delas. Um jogo que roda no sistema mais antigo pode não funcionar no mais novo; se for desenhado para rodar no mais velho, não poderá utilizar recursos do mais recente.

O resultado disso tem sido o desinteresse dos desenvolvedores pela plataforma. Em maio, o IDC, instituto especializado em análise de mercado, revelou que 86% dos entrevistados estavam interessados em produzir aplicativos para iPad, tablet da Apple, ante apenas 70% interessados em aparelhos que rodam com Android. Dessa forma, se o Google levar a cabo o projeto que começou a delinear nesta segunda-feira, o iPhone poderá ter um competidor à altura.

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