Tudo o que a BlackBerry quer é voltar a ser ‘cool’
Troca de nome é apenas uma das estratégias da companhia canadense para voltar a ser relevante no mercado de smartphones. Não será fácil
O BlackBerry já não é mais o mesmo. O smartphone canadense, que ganhou popularidade no começo dos anos 2000, perdeu espaço para a concorrência e hoje responde por apenas 4,6% do mercado de celulares inteligentes em todo o mundo, atrás dos aparelhos da Samsung, Apple, Nokia e HTC, segundo levantamento do IDC.
Diante desse cenário, a empresa adotou uma estratégia de emergência na esperança de reconquistar os consumidores que abandonaram a plataforma para migrar para smartphones mais modernos – caso do iPhone e dos celulares com sistema operacional Android. A primeira iniciativa da companhia foi trocar de nome, de Research In Motion para… BlackBerry. O segundo passo na batalha tecnológica foi desenvolver um novo sistema operacional: o BlackBerry 10 (BB10).
No passado, o BlackBerry ditou tendências e foi o primeiro smartphone a cair nas graças do mundo corporativo. Ele permitia o acesso a uma conta de e-mail e oferecia um sistema gratuito de troca de mensagens instantâneas. Na nova fase, a ideia é reconquistar o posto de vanguarda. Com o lançamento de dois novos modelos, o Q10 e o Z10, a empresa canadense quer voltar a ser cool e figurar entre as fabricantes mais populares do mercado. Não será tarefa fácil.
Entre os desafios da companhia, está o de oferecer aplicativos atraentes. Para criar um serviço virtual capaz de concorrer com as gigantes lojas App Store e Google Play, a BlackBerry apostou em uma versão para testes do sistema operacional, apresentada a desenvolvedores no ano passado. Entre os diferenciais da plataforma estão a capacidade de alternar rapidamente entre diferentes aplicações e a câmera que armazena imagens de momentos imediatamente anteriores à captação da fotografia.
E já que o marketing é a alma do negócio, a BlackBerry quer apostar nas celebridades, como fez a Apple (Dave Grohl) no lançamento do iPhone 5 e a Microsoft (Jessica Alba) na apresentação do Windows Phone 8. Quem deve ajudar a companhia a ser mais pop em todo o mundo é a cantora Alicia Keys, contratada como diretora criativa global da empresa.
Os jovens executivos, responsáveis pela fama do BlackBerry no passado, continuam como importantes pilares para a companhia. Para atender ao público, a fabricante criou um sistema chamado “Balance”, que permite aos usuários separar comunicações profissionais dos aplicativos de música, fotos e outros recursos de uso pessoal do smartphone.
Mais do que olhar para o início dos anos 2000, a BlackBerry espera conseguir prever o futuro. Ela sabe que a briga é feia e prefere a modéstia à ambição. O mercado concorda. “O sistema operacional BlackBerry 10 será um forte competidor para a terceira posição, mas não se aproximará dos líderes Apple e Google. Os consumidores só precisam de mais opções”, afirmou o analista Jeff Kagan, logo após o anúncio da ex-Research In Motion.