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Tinder, em busca do aplicativo de paquera perfeito

Programa avança rapidamente no Brasil reunindo, de forma inédita, recursos de serviços rivais. Mas seu mérito é desestimular o uso de perfis falsos

Por Rafael Sbarai
12 out 2013, 16h09

Há um cupido digital em ascensão. O aplicativo Tinder ganha mercado ao reunir, de forma inédita, os pontos-fortes de serviços rivais. Nele é possível encontrar um novo amor (ou apenas sexo casual) cruzando dados do Facebook ou identificando alvos geograficamente próximos. Os números impressionam. Os usuários acessam o serviço onze vezes por dia e fazem mais de 3 bilhões de avaliações de parceiros por mês. Os brasileiros invadiram a plataforma: aqui, ela cresce com o triplo da velocidade do mercado americano, onde nasceu.

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O grande avanço do app é eliminar uma deficiência comum nos concorrentes, a proliferação de perfis falsos, que desestimula usuários de serviços como ParPerfeito e Ashley Madison – que juntos têm mais de 30 milhões de cadastrados no Brasil. Para afugentar as contas falsas, a dupla de americanos Justin Mateen e Sean Rad, criadores do Tinder, teve uma ideia simples: em vez de exigir o preenchimento de um cadastro de adesão, os interessados em usar a plataforma devem ter um perfil do Facebook e baixar o aplicativo do Tinder, disponível para iOS e Android. O mecanismo funciona porque o próprio Facebook mantém uma varredura em seu ambiente para eliminar contas falsas e vem exigindo mais informações para o cadastro do usuário, caso do número de celular, o que desestimula os piratas.

Zelar pela veracidade dos perfis não é uma preocupação acessória. Fantasmas afugentam usuários de verdade. E há um grande mercado por trás disso. Em julho, o órgão de vigilância da privacidade da Grã-Bretanha (Information Commissioner’s Office) revelou uma investigação a dois populares sites dedicados a encontros amorosos daquele país, que abasteciam seus registros de usuários com dados de pessoas que jamais tinham cogitado o uso das plataformas. O objetivo das empresas era mostrar ao mercado que havia uma multidão lá dentro em busca de companhia. Não era verdade.

Hoje, há pelo menos três companhias notórias por ajudar esses sites de encontros a inflar suas bases de dados. Uma delas, a americana US Date, vende pacotes com informações separadas por regiões geográficas do mundo. Um pacote com pouco mais de 100.000 perfis – falsos, evidentemente -, contendo 347.000 imagens de homens que vivem na América Latina sai por 140 dólares. “Acompanhar o crescimento de um site de namoro é como esperar ver uma árvore crescer. Compre perfis de maneira rápida, a baixo custo, e popularize seu serviço”, diz texto no site do grupo.

Não é possível apurar o tamanho do contingente de usuários reais de cada site ou aplicativo de namoro digital. Nos Estados Unidos, uma das poucas indicações de que se trata de um setor promissor é a receita das empresas locais: 1,05 bilhão de dólares, dinheiro proveniente de publicidade e de clientes que pagam para ter acesso a recursos especiais.

Em média, um americano que deseja encontrar sua alma gêmea no universo digital gasta, por ano, 239 dólares com esses sites. A clientela é divida quase igualmente entre homens e mulheres. O Facebook do setor é o Match.com, com 96 milhões de cadastrados, segundo informações da própria companhia. No Brasil, o site é representado pelo ParPerfeito, com 30 milhões de perfis.

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Lançado há cerca de dois anos, o Tinder experimentou uma aceleração recente. Desde a criação, seus usuários já fizeram mais de 13 bilhões de avaliações de potenciais parceiros. Três bilhões, contudo, foram feitas só em agosto, último dado disponível. O Brasil, onde tradicionalmente usuários adotam novos serviços rapidamente, é destaque. Há quatro meses, o universo de cadastrados no país era tão pequeno que não era possível medir a adesão à ferramenta. Em setembro, quase 6% de todos os usuários de iPhone no país já acessavam o app, segundo levantamento da empresa de inteligência móvel Onavo produzido a pedido do site de VEJA. Em território nacional, o Tinder já tem o mesmo tamanho do serviço de mensagens gratuitas chinês WeChat, que gastou milhões de dólares para chamar atenção dos brasileiros. “É um avanço impressionante”, diz o americano Aaron Endré, analista da Onavo.

Além da faxina nos perfils falsos, o sucesso da dupla Mateen e Rad se apoia na simplicidade e na geolocalização, considerada item fundamental para um aplicativo móvel. “As pessoas interessadas em aventuras desse tipo em geral começam a experiência dando preferência a usuários mais próximos geograficamente”, diz Ailton Amélio da Silva, professor de relacionamento amoroso do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). É a esperança de que, de fato, o amor more ao lado. Ao aderir so serviço, o cadastrado escolhe seus alvos de acordo com gênero, idade (a partir de 18 anos) e preferências relativas a lazer e hobbies, entre outras. É possível encontrar pessoas a uma distância máxima de 100 quilômetros.

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Há, no entanto, algo a se provar no mercado: o êxito do aplicativo ainda não foi revertido em receita. Até o momento, o Tinder não possui um modelo de negócio definido. Até ganhou atualizações recentes, mas nada relativo a uma nova funcionalidade ou a uma possível exibição de anúncios. “O Tinder precisa aproveitar a rápida adesão entre jovens. Isso porque, em geral, o histórico dessas plataformas não é muito promissor a longo prazo”, diz Felipe Wasserman, professor de comportamento do consumidor em mídia social da Escola de Propaganda e Marketing (ESPM).

Oferecer recursos (envio de mensagens) e bens virtuais (flores, chocolates) pagos podem ajudar a levar a rede a uma nova fase. “O Tinder precisa evoluir rapidamente”, diz Fernando Belfort, analista de mercado da Frost & Sullivan. Até o momento, a plataforma fez a alegria dos usuários. Falta o amor dos investidores.

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