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‘Não queremos competir com iPhone e Android’, diz vice-presidente da Mozilla

Após ganhar apoio de operadoras e fabricantes em smartphones, fundação planeja chegada do Firefox OS aos tablets e TVs

Por Claudia Tozetto
31 jan 2014, 06h40

O último ano foi decisivo para a Fundação Mozilla no mercado de dispositivos móveis. Em poucos meses, a organização sem fins lucrativos conseguiu o apoio de operadoras e de grandes fabricantes para lançar os primeiros smartphones de baixo custo com o sistema operacional de código aberto Firefox OS. Os primeiros produtos já chegaram às lojas de catorze países, inclusive do Brasil. Até o final de 2014, o sistema operacional estará disponível em quarenta idiomas.

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Com o sistema, a Mozilla quer oferecer uma alternativa aos consumidores dos mercados emergentes, que não podem pagar pelo iPhone ou smartphones avançados com sistema operacional Android. Aparelhos com Firefox OS de fabricantes como Alcatel One Touch, ZTE e LG chegaram ao Brasil ao longo de 2013 com preço abaixo de 500 reais.

“Todo mundo quer lançar aparelhos com Android para concorrer com o iPhone, mas a maioria das pessoas precisa de um smartphone mais barato. Não queremos competir com o iPhone e o Android”, diz Andreas Gal, vice-presidente de mobilidade da Fundação Mozilla. O executivo foi a atração principal desta quarta-feira na Campus Party, evento de tecnologia que acontece em São Paulo até o próximo domingo.

Em entrevista ao site de VEJA, Gal falou sobre os resultados que o Firefox OS alcançou em seu primeiro ano no mercado e sobre a estratégia para 2014. O sistema vai ganhar, em breve, uma nova versão e chegará aos primeiros tablets e TVs. Em longo prazo, o objetivo é expandir seu uso para quaisquer dispositivos que apresentarem potencial. “Se uma empresa enxergar valor em usar o Firefox OS em carros, estamos abertos a isso.” Confira a seguir a entrevista:

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Como foi o primeiro ano após o lançamento dos smartphones com Firefox OS? Quando nós anunciamos o Firefox OS, em 2012, só havia um protótipo do produto. Em 2013, fizemos parcerias com as fabricantes e lançamos os três primeiros smartphones com Firefox OS na Espanha, Polônia e depois na América Latina. A Telefônica, que é nossa parceira na região, diz que 9% dos smartphones vendidos atualmente na Colômbia usam Firefox OS. Na Venezuela, que é o maior mercado para nós, o sistema está em cerca de 15% dos smartphones vendidos.

Com o Firefox OS, a Mozilla quer concorrer diretamente com o iPhone e o Android? Todas as fabricantes de aparelhos com Android têm o objetivo de lançar modelos que possam competir diretamente com o iPhone. E no meio disso, tem tanta gente que gostaria de ter um smartphone, mas só pode comprar aparelhos mais baratos. Estes usuários são o nosso foco com o Firefox OS. Aqui na América Latina, o iPhone não é um smartphone que as pessoas podem ter. Mas, por outro lado, ninguém quer usar celulares básicos. Nosso objetivo foi criar um sistema moderno, mas que possa estar em aparelhos baratos.

É claro que, no futuro, vamos colocar novos smartphones no mercado, com configuração mais avançada do que os que já lançamos. Ainda assim, não temos interesse em concorrer diretamente com o iPhone e aparelhos mais avançados com Android. Nosso foco é trazer smartphones de qualidade para o mercado, que as pessoas possam comprar.

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Qual a principal diferença entre o Firefox OS e os sistemas dos outros smartphones à venda no mercado? Queremos oferecer uma alternativa mais aberta aos consumidores. Ao usar um desktop, as pessoas podem escolher se querem usar o Firefox, o Chrome, o Internet Explorer ou o Safari para navegar na internet. Nos dispositivos móveis, há um ambiente muito diferente. Quando você usa um aparelho com Android, você entra em um ecossistema muito fechado, porque o desenvolvimento do sistema é restrito desde o início aos engenheiros do Google e ele está muito centralizado nos serviços da empresa, como a loja de aplicativos.

O iPhone e o Android não querem alternativas, porque o objetivo é manter os usuários dentro de seus próprios silos, onde há menos competição. Além disso, ao oferecer um sistema de código aberto, estamos dando liberdade para que as pessoas possam criar desde o início do desenvolvimento do sistema. Queremos estimular um ambiente competitivo, no qual muitas pessoas e empresas possam contribuir usando tecnologias abertas. Estamos no início da nossa jornada, mas temos muitos parceiros que estão nos apoiando para alcançar este objetivo.

De que maneira o Firefox OS oferece essa liberdade aos desenvolvedores e aos usuários? O Firefox OS é um sistema operacional muito diferente, porque não exigimos que os aplicativos sejam criados com base em uma documentação específica do sistema, basta que sejam desenvolvidos em HTML5 [linguagem usada para criar serviços baseados em web]. Isso permite que o usuário possa acessar qualquer aplicativo no Firefox OS.

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No caso da nossa loja, acreditamos que ela é apenas uma ferramenta para facilitar a busca por aplicativos, não foi feita para limitar o usuário. Se ele não gostar da nossa loja, pode instalar outra loja de aplicativos no smartphone.

Quais são os próximos produtos que receberão o Firefox OS? Fizemos uma parceria com a Foxconn para desenvolver um tablet. Eles criaram um modelo, que começamos a distribuir para os desenvolvedores que pretendem criar aplicativos para telas maiores. Nos próximos meses, a versão do Firefox OS para tablets ficará mais madura e vamos começar a fechar parcerias com fabricantes para levar os primeiros produtos ao mercado. No caso da Panasonic, as primeiras TVs devem chegar às lojas até o final deste ano.

O Firefox OS usado nos tablets e TVs será diferente da versão para smartphones? Será diferente, porque o tablet e a TV são dispositivos diferentes de um smartphone. Mas uma das coisas que sempre nos preocupou é ter diversas versões diferentes do sistema, como acontece com o Android. Nesse ponto, o Google é muito diferente da Mozilla. Como temos um repositório de software, tudo que é desenvolvido para o Firefox OS pelos parceiros é agregado em um mesmo lugar. Embora muitas das empresas que colaboram sejam concorrentes, todas podem se beneficiar do desenvolvimento. A Mozilla enxerga um grande valor na colaboração.

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Além de tablets e TVs, a Mozilla tem planos de levar o Firefox OS para outros dispositivos no futuro? Nós acreditamos que o HTML5 será a tecnologia que estará por trás de todos os dispositivos conectados a internet. Atualmente, nosso foco está em smartphones. Se você olhar para o mundo, verá que muita gente ainda não pode ter um smartphone. Outro foco para os próximos anos serão os tablets e, como o Firefox OS é um sistema aberto, a Panasonic se propôs a adaptá-lo para as TVs. De forma similar, ele pode ser ajustado para outras plataformas. Se uma empresa enxergar valor em levar o Firefox OS para os carros, por exemplo, estamos abertos a isso.

Uma nova versão do Firefox OS será lançada em 2014. Quais serão os principais novos recursos? Quando começamos a desenvolver o sistema, nós fizemos uma lista de todos os recursos que os smartphones deveriam ter, como e-mail, navegador. Quando fechamos a parceria com a Telefônica, eles disseram que a gente não podia deixar de fora o rádio. Usar o rádio no celular não é usual em outros países, mas foi bom descobrir que isso era importante para o Brasil.

Outro recurso popular no Brasil, que não conseguimos incluir na primeira versão do Firefox OS, é o uso de dois chips nos aparelhos. Estamos focados nisso para a próxima versão e vocês devem ver os primeiros smartphones com dois chips no mercado em breve. Como mais de 50% do código do Firefox OS foi desenvolvido pela comunidade, não pela Fundação Mozilla, também recebemos muita ajuda de desenvolvedores independentes. Um brasileiro, por exemplo, está nos ajudando a incluir reconhecimento de voz na nova versão do Firefox OS.

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