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O Jurassic Park de ‘galinhassauros’

Por Cecília Araújo
15 set 2009, 14h53

Em 1993, o filme O Parque dos Dinossauros (Jurassic Park), de Steven Spielberg, levou para as telas a excitante e fantasiosa ideia de recriar seres há muito desaparecidos da Terra – como tiranossauros ou pterodátilos. Passados quase vinte anos, a proposta segue curiosa, mas pode não ser tão irreal. No livro How to Build a Dinosaur (Como construir um dinossauro), o paleontólogo americano Jack Horner, em parceria com o jornalista James Gorman, escavou a montanha de descrédito que cobre o assunto e afirma ser possível reproduzir características dos extintos dinos em aves vivas. O resultado disso seria uma nova espécie: o galinhassauro.

Horner é um cientista do barulho. Na década de 1970, fez nome ao descobrir o fóssil de um tipo até então desconhecido de dinossauro, a Maiassaura – que quer dizer “réptil boa mãe”. A partir dele, propôs a existência de um instinto maternal entre esses pré-históricos. Agora, quer ir além. A base do argumento é o fato de que, como descendentes dos dinos, as aves carregariam o código genético para a formação de dentes, cauda e outros itens pré-históricos. Estudiosos rebatem a tese, mas nenhum deles retira totalmente os méritos da proposta. Confira a seguir a entrevista do paleontólogo – que foi conselheiro técnico de Spielberg em O Parque dos Dinossauros e agora compõe a equipe do Museu das Montanhas Rochosas da Universidade de Montana (EUA).

O senhor já disse que os dinossauros não estão extintos, uma vez que algumas aves ainda carregam algumas de suas características genéticas. O que isso significa?

Se aves como as galinhas carregam parte do DNA dos dinossauros, torna-se possível recriar algumas das características que essas criaturas extintas possuíam, ativando ou desativando alguns desses genes.

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Essa é a ideia central de How to Build a Dinosaur?

Eu queria provar a possibilidade de recriação dessas características dos extintos dinossauros em uma ave viva. Apesar de não conhecermos exatamente todos os detalhes a respeito dos dinossauros originais, já obtemos muitas informações a partir de evidências que encontramos. Em um futuro distante, acredito que seremos capazes de construir animais geneticamente muito semelhantes aos antigos dinossauros. Porém, eles nunca serão exatamente iguais àqueles que viveram há milhões de anos.

O senhor trata da tese de que os dinossauros possuíam sangue quente, como os pássaros e os mamíferos?

Essa ideia foi sugerida muitos anos atrás. O que exponho no livro são várias linhas de evidências que dão suporte à teoria de que os dinossauros são endotérmicos (ou seja, seu calor vem do interior do corpo, e eles não dependem do ambiente externo para regular sua temperatura).

E o conceito de “galinhassauro”, presente no livro, é novo?

Já é sabido que os dinossauros e as aves são relacionados em termos evolutivos, e que nós podemos, teoricamente, arquitetar um dinossauro a partir de uma ave. Até agora, já descobrimos o gene para a formação dos dentes e estamos à procura de outros para recriar a cauda e as mãos.

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Quanto tempo será necessário ainda para transformar esse plano em realidade?

Acredito que teremos um galinhassauro nos próximos dez anos.

Essa experiência não deve ser barata.

Provavelmente, isso vai nos custar cerca de 2 milhões de dólares.

Quais são as implicações desses experimentos para a ciência e para as pessoas comuns?

Aprenderemos mais detalhes sobre como ativar ou desativar genes. Esse tipo de informação pode nos ajudar a descobrir como prevenir doenças genéticas, por exemplo.

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Devem haver questões éticas envolvidas.

Provavelmente elas existem, mas descobrir isso é de responsabilidade do governo. Ainda é preciso pesar as vantagens e as desvantagens. O projeto ainda não sofreu muita resistência até o momento, mas suspeito que, quando construirmos um dinossauro de verdade, algumas pessoas não irão gostar.

Uma vez criados, onde os “galinhassauros” viveriam? Em laboratório ou como animais de estimação?

Acredito que teremos “galinhassauros de estimação”.

Então, seus filhos e netos vão conhecer galinhas com antebraços, presas, cauda e dentes?

Claro, mas espero que eu mesmo ainda consiga ver um.

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