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Invasão ao Itamaraty permitiu que hackers tivessem acesso a documentos da Copa

Grupo Anonymous divulgou mais de 300 documentos que teriam sido acessados na invasão ao sistema do Ministério de Relações Exteriores

Por Da Redação
31 Maio 2014, 14h29

Uma invasão do sistema de e-mails do Itamaraty resultou no vazamento de quase 300 documentos, entre eles relatórios e telegramas classificados pelo serviço diplomático como “secretos” e com potencial para incomodar o governo brasileiro. Mesmo sem terem acessado o sistema interno de arquivo do Ministério, os hackers conseguiram extrair de computadores do Itamaraty análises para negociações internacionais, textos de subsídios para reuniões bilaterais a serem usados pela presidente Dilma Rousseff e o próprio ministro das Relações Exteriores e até agendas com telefones de autoridades.

O Itamaraty não reconhece a veracidade dos documentos revelados pelo grupo Anonymous, que assumiu ser o autor do ataque aos servidores do Ministério. De acordo com o porta-voz, embaixador Antônio Tabajara, os documentos estão abertos e apresentados em formatos que podem ter sido editados ou alterados de alguma forma. Ainda assim, os textos têm, em sua maioria, o timbre do Itamaraty e o formato tradicional dos chamados telegramas, os textos de comunicação entre o ministério e os diversos postos diplomáticos no Brasil e no exterior.

Entre eles, está o relatório preparado para o então ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, na visita do seu colega americano, o secretário de Estado John Kerry. Em meio à crise com os Estados Unidos pela descoberta do que a National Security Agency (NSA) havia espionado cidadãos e empresas brasileiras – inclusive a própria presidente Dilma – o documento trata apenas brevemente do assunto. Aconselha ao ministro que levante o tema, mas deixe claro que a crise não vai influenciar nas negociações entre os dois países. Recomenda que o pedido de “uma clara manifestação de apoio à candidatura do Brasil a membro permanente do Conselho de Segurança, pelo menos análoga à declaração de apoio à candidatura da Índia” – algo que o Brasil ainda não conseguiu e pede, ainda que os EUA retire Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo.

Também aparece um resumo das conversas entre autoridades brasileiras e o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante uma visita ao Brasil em maio do ano passado e uma lista de ministros do Esporte que planejam vir ao país para a Copa do Mundo. Outros documentos que citavam questões de segurança durante a Copa também foram vazados, mas muitos não seguiam os padrões do Itamaraty.

Leia também:

Itamaraty admite que ciberataque permitiu acesso a e-mails de funcionários

Radar on-line: Hackers no Itamaraty

Um hacker conhecido com AnonManifest usou um ataque com phishing para invadir a base de dados do Itamaraty e acessar o seu sistema de documentação, como noticiou a coluna Radar on-line. O ministério desativou o seu sistema de correio eletrônico depois do ataque e instruiu os usuários das suas três mil contas de e-mail a mudar suas senhas. A Polícia Federal está investigando a invasão.

De acordo com o Itamaraty, já foi feito o mapeamento do que teria sido vazado e não foi identificado nada altamente prejudicial aos interesses do governo. As investigações estão sendo feitas pelo Gabinete de Segurança Institucional e a Polícia Federal, mas o sistema do ministério já voltou ao ar desde a última quarta-feira.

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Os hackers usaram o esquema chamado phishing, em que e-mails aparentemente de pessoas conhecidas são enviadas para colegas com inclusão de um link para um documento supostamente importante. Ao abrir o arquivo são instalados no sistema os chamados cavalos de troia, que recolhem informações sigilosas dos usuários, como senhas, e abre acesso para que os hackers possam retirar dali documentos arquivados.

Comércio – Estão na lista, também, todos os documentos para as reuniões do Mercosul de 2011, 2012 e 2013, relatando as posições brasileiras em diversos assuntos e a análise que a diplomacia brasileira faz dos vizinhos, algumas vezes em termos que não seriam usados nas negociações.

Há reclamações, como, por exemplo, dos demais membros não aceitarem reconhecer a cachaça como produto tipicamente brasileiro, ou análise de propostas consideradas irreais, a ponto de o diplomata responsável, dizer, por exemplo, que se os vizinhos – especialmente a Argentina – insistissem em algumas mudanças seria melhor desistir da implementação do código aduaneiro comum. Há, ainda, análises para negociações econômicas em curso e sigilosas, sumários para visitas de Estado – como a do vice-presidente Michel Temer à Rússia – e análises das posições brasileiras em questões como a guerra na Síria e a questão nuclear no Irã. Documentos claramente pessoais, como fotos de uma capa de revista e contratos de empregados domésticos mostram que os textos foram tirados dos HDs de computadores dos servidores do ministério, não apenas no Brasil, mas no exterior.

(com agência Reuters e Estadão Conteúdo)

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