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Documentário revela universo dos jogos independentes

Canadense 'Indie Game: The Movie' contou com financiamento colaborativo

Por Renata Honorato, de Austin
13 jun 2012, 08h14

O documentário Indie Game: The Movie, disponível para download desde esta terça-feira, mostra os bastidores de três jogos independentes (Super Meat Boy, Fez e Braid) e conta a história de seus criadores. No Brasil, o filme – exibido e premiado no Festival de Sundance e selecionado para o South by Southwest (SXSW) e Hot Docs – estreia no dia 26 de junho, em única apresentação, na Estação Sesc, no Rio de Janeiro. Segundo o The New York Times, o filme “desmistifica a paixão por trás dos pixels”, mas seria mais correto dizer que ele a revela. E esse é o grande objetivo dos canadenses Lisanne Pajot e James Swirsky, diretores do documentário. “Não queremos dar início ao manjado debate sobre a comparação de games com arte, mas mostrar que os desenvolvedores colocam seus corações nesses projetos e que é possível sentir isso ao jogar um desses games”, disse Swirsky ao site de VEJA. Confira o bate-papo a seguir:

Saiba mais:

Assista ao trailer do documentário

A hora e a vez dos ‘indie games’

Por que vocês decidiram produzir um documentário sobre games independentes? Swirsky: Antes de começar a produzir esse documentário, eu e Lisanne trabalhávamos no Canadá com televisão. Um canal local nos encomendou um curta de cinco minutos e então pensamos em Fez, um game independente, que em 2007 foi destaque no Independent Games Festival (IGF). Tínhamos, ao todo, 20 minutos de filme, mas podíamos aumentar facilmente para 30. O tema era cativante e trazia uma história emocionante. Falava de um cara que desenvolveu um jogo que refletia o que ele sentia. Quando jogamos esse game realmente sentimos a presença dele ali e, então, decidimos entender melhor esse universo. Na mesma época, ou um pouco depois, fomos à Game Developers Conference (GDC) e conversamos com muitos desenvolvedores independentes de jogos. Escutamos todas as suas histórias e percebemos que muita gente desenvolvia games para se expressar. Ninguém tinha abordado ainda o tema com seriedade e então pensamos: “Vamos fazer.”

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Pajot: Com algumas horas de gravação, procuramos o Kickstarter (site de financiamento colaborativo) e isso mudou a nossa vida. Pedimos 15.000 dólares e conseguimos 23.000. Esse foi um grande momento. Mostramos o nosso material para milhares de pessoas através daquela plataforma e todos acharam a ideia muito interessante. Voltamos para o Kickstarter, porque precisávamos de mais dinheiro, e pedimos mais 76.000 dólares. Essa foi a nossa meta.

Swirsky: Conseguimos arrecadar o dinheiro e isso me deixou muito feliz. Muita gente queria ver esse filme sendo feito. Uma comunidade inteira estava pensando: “Finalmente alguém vai contar a nossa história.”

Ian MacCausland
Ian MacCausland (VEJA)

Como vocês escolheram os jogos que aparecem no filme? Pajot: Ao todo, filmamos a história de mais de 20 desenvolvedores. Não sabíamos muito bem qual seria o foco do filme e, por isso, foi necessário captar muito material. Gastamos mais tempo com o Edmund, do Super Meat Boy. E esse game foi muito bem. Ele foi o primeiro do gênero a entrar na Xbox Live (rede on-line do Xbox 360, console da Microsoft) e achamos que seria legal contar essa história no filme. Foi muito difícil escolher quem iria entrar no documentário.

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Swirsky: Tínhamos o Fez, o Super Meat Boy e outras 20 histórias, mas tivemos de tirar algumas coisas. Esse foi um processo muito complexo, porque todas as histórias eram muito boas – muito boas para outro filme, mas não para este projeto. No final, tudo foi orgânico, porque a comunidade é muito aberta. Ficamos por dentro das notícias, percebemos que alguns títulos chamavam muito a atenção do público e, então, fomos descobrir os bastidores desses jogos. Conversávamos via Skype com os desenvolvedores por duas ou três horas e depois desse processo perguntávamos se eles tinham interesse em participar do filme.

Como vocês se conheceram? Pajot: Nos conhecemos há muitos anos. Eu estava trabalhando na CBC e, então, decidimos gravar um curta-metragem juntos.

Swirsky: Depois, voltamos a trabalhar juntos em projetos comerciais na CBC.

Pajot: E, então, desistimos de tudo isso para fazer esse filme! (risos)

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No Brasil temos alguns desenvolvedores de jogos também. Pajot: Recebemos muitos e-mails de desenvolvedores do Brasil. Não só pessoas dos Estados Unidos e Canadá mantém contato conosco, mas também gente da Escandinávia e Austrália.

E como é o mercado de jogos independente no Canadá? Swirsky: Hoje em dia há muita gente desenvolvendo jogos em todo o mundo e no Canadá isso também é latente, especialmente em Toronto, Vancouver e Montreal. Muitos games pequenos estão sendo produzidos por lá. Eu não tenho muita certeza, mas acho que o Canadá está em terceiro lugar em termos de desenvolvimento de jogos.

Como foi a recepção do público durante a exibição do filme nos festivais? Pajot: Foi muito importante compartilhar nossas expectativas com os desenvolvedores que aparecem no filme antes do lançamento. Estivemos em Sundance e ficamos muito nervosos, porque é um filme cheio de emoção, no qual muitas pessoas participaram de forma intensa. Ficamos preocupados com a possibilidade de essas pessoas se sentirem expostas na tela do cinema.

Swirsky: Mas todo mundo ficou muito feliz e emocionado com o resultado. O melhor e o pior desse filme foi gravar, editar, enviar o material para os envolvidos, e, então, fazer tudo de novo. Foi estressante. Jim Guthrie compôs a trilha sonora e, no final, trabalhamos todos juntos. Foi uma experiência diferente. Eles choravam, nós chorávamos. Foi uma experiência única na carreira de todos nós.

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O que vocês querem mostrar com esse filme? Pajot: Nosso objetivo é contar histórias. É mostrar a jornada dessas pessoas ao desenvolver alguma coisa com a qual se identificam muito.

Swirsky: Queremos mostrar que esses desenvolvedores colocam o coração em seus jogos e que, quando você joga esses games, pode sentir isso. Não queremos dar início ao manjado debate: “Games são ou não arte”. Mostramos, no entanto, as circunstâncias em que eles são desenvolvidos. Os games são formas de expressão. Não citamos a palavra arte: apenas tentamos “mostrá-la” no filme.

O documentário será disponibilizado com legendas em português? Pajot: Queremos lançar o filme com o máximo de legendas possível.

Swirsky: O documentário está sendo lançado digitalmente, então qualquer pessoa pode adquiri-lo pela internet. Por ora, o filme está disponível com legendas nos idiomas inglês, francês, italiano e chinês. Mas estamos oferecendo o filme no formato open source: então, é possível que outras pessoas incluam legendas em seus idiomas locais.

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Pajot: Temos planos de incluir o português como opção, talvez após o lançamento, porque recebemos muitos pedidos para essa inserção.

Swirsky: A comunidade brasileira é muito presente e nos apoia bastante. O português está entre os idiomas mais importantes para nós.

Assista ao trailer do documentário:

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