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Amazon começa a vender livros físicos no Brasil

Alex Szapiro, diretor-geral da empresa no país, fala da nova fase da gigante do varejo. A expectativa óbvia é que logo, logo, ela passará a vender de tudo pela rede brasileira – até comida, como já faz lá fora

Por Filipe Vilicic Atualizado em 24 Maio 2016, 16h10 - Publicado em 21 ago 2014, 00h12

A Amazon estreia nesta quinta-feira seu site de vendas de livros físicos no Brasil, o que abre portas, em definitivo, para a gigante do varejo dar início a voos mais ambiciosos no país. Desde que surgiu em 1995, na cidade americana de Seattle, a empresa do multibilionário Jeff Bezos desafiou varejistas tradicionais, como o Wal-Mart, e livrarias, a exemplo da rede Barnes&Noble. Ganhou a grande maioria das brigas em que entrou. No Brasil, chegou em 2012, e iniciou de forma mais modesta do que o esperado, com e-books e venda do Kindle, o leitor de livros digitais da marca. Mas as primeiras pegadas em território nacional já alimentaram medo na concorrência, principalmente em livrarias e em sites de e-commerce.

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O receio geral é que a eficiente distribuição, os preços apelativos (muitas vezes, baixa-se o valor ao extremo, sem se preocupar com o lucro, para agradar clientes e destruir a concorrência), em suma, o profissionalismo e a atuação agressiva da Amazon, coloque em xeque empresas de e-commerce que hoje dominam o ramo no Brasil. Uma parcela das editoras e dos escritores ainda teme que os americanos tentem impor contratos não satisfatórios para ambos os lados, o que pode gerar conflitos.

Como o que ocorre agora entre a Amazon e a francesa Hachette. A editora reclamou que “mais de 80% dos e-books deles” foram colocados por menos de 9,99 dólares no site. Acreditam que os americanos, donos de quase 70% do mercado de livros digitais nos Estados Unidos, utilizam seu poder de forma abusiva, para pressionar editoras em negociações. Os franceses conseguiram o apoio de mais de 900 escritores, incluindo dezenas de best-sellers, na batalha. Do outro lado, a Amazon afirma que “quando algo é feito de uma maneira por um certo tempo, resistência a mudança pode ser instinto de reflexo, e interesses poderosos do status quo são difíceis de mudar”. Para a empresa, e-books têm de ser baratos para competir com outras formas de entretenimento, como games e filmes, para vender mais, e para beneficiar autores e leitores. Dos dois lados, cada um protege seu negócio.

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A gigante norte-americana Amazon apresentou nesta terça-feira uma versão melhorada de seu popular leitor eletrônico Kindle
A gigante norte-americana Amazon apresentou nesta terça-feira uma versão melhorada de seu popular leitor eletrônico Kindle ()

Com esse novo marco em sua história no Brasil, a Amazon pode esperar por problemas parecidos com os que têm lá fora. Mas a companhia é conhecida por gostar, mesmo, de brigar até o fim (e são raríssimas as vezes em que é ela que sofre o nocaute). Na entrevista a seguir, o diretor-geral da Amazon no Brasil, Alex Szapiro, diz o que a novidade representa para a empresa e, apesar de se esquivar de certas perguntas, concede um panorama primário de qual impacto a gigante americana pode ter no país.

A entrega de Kindles e de livros é uma forma de abrir portas para depois entrar em praticamente todos os ramos do varejo, como fez a Amazon nos Estados Unidos? Escolhemos começar pelo mercado de livros em 2012, quando chegamos ao Brasil com e-books, depois com Kindles, e agora com a entrega física, por observarmos uma lacuna nessa área em nosso país. Há essa máxima de que brasileiro não lê, mas isso não é verdade. O que falta é tornar a leitura mais acessível. É o que fazemos. Em nosso site damos a opção de o leitor escolher entre receber o livro físico em casa ou baixar o digital, a preços baixos, alcançados também pelas editoras não terem gastos com impressão e distribuição. O lucro deles em cima do produto acaba sendo bem maior, mesmo se o preço de capa é menor. De planos futuros, ainda não posso compartilhá-los.

Por que os e-books não deram tão certo no Brasil quanto em países como os Estados Unidos? Os livros digitais já estão com uns 5% do mercado brasileiro. Pode parecer pouco, mas é preciso lembrar que quando chegamos aqui, em 2012, o mercado era praticamente nulo. Para um trabalho de dois anos, considero um bom resultado. Nos Estados Unidos, temos duas décadas de história, que nos levou ao atual, e fortíssimo, mercado de e-books.

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Esperam muita resistência das editoras brasileiras, que podem se sentir ameaçadas pelo impacto que a Amazon deve causar, algo que costuma dar início a novelas parecidas com a que ocorre agora com a francesa Hachette? Jogamos no mesmo lado das editoras. Queremos satisfazer os dois clientes do mercado editorial, os leitores e os escritores. O objetivo comum é dar ao primeiro a opção de ler como quiser, seja no digital ou não, e quando quiser, com facilidade. Somos agnósticos nesse mercado, pensamos que o leitor tem de ter todas as opções à sua frente. Para o escritor, ajudamos a distribuir a obra. É ainda vantajoso para a editora de outras formas. Além de baixar os preços de produção, ter, por exemplo, o e-book disponível a todo momento é uma forma de as empresas não sofrerem com estoques esgotados, ou com o retorno de exemplares não vendidos.

Como a Amazon resolveu uma tradicional reclamação de donos de e-commerce no Brasil, em torno das falhas de logística e distribuição, o que atrasa entregas? Esse é um dos nossos diferenciais. Em alguns endereços iremos garantir entrega em um dia. Além disso, a pessoa poderá comprar o livro físico e, ao mesmo tempo, começar a lê-lo no formato digital, por uma ferramenta que chamamos de Leia Enquanto Enviamos. Dos 150 000 títulos em português que temos, o que é o maior catálogo do gênero, já há 13 000 com essa opção. Por fim, seremos sempre sinceros no prazo de entrega prometido, em qualquer lugar. Não falaremos algo que não conseguimos cumprir.

O faturamento da Amazon cresce ano a ano (hoje está em mais de 70 bilhões de dólares), mas a empresa costuma trabalhar sem lucros, ou mesmo no negativo, para investir em novos produtos. A fórmula será repetida no Brasil para entrar de forma agressiva nos vários mercados em que a empresa atua no mundo, de livros a entrega de comidas e fabricação de tablets e smartphones? Trabalhamos na Amazon com o conceito de raise the bar (em inglês, expressão que significa “aumente o nível”). Seja com o Kindle, com a Fire TV, com o Fire Phone, ou com os serviços de nuvem, queremos oferecer o que o cliente quer. Isso pontua o nosso DNA. É natural que essa estratégia exija dinheiro.

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