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Tratamento pioneiro com célula-tronco para silicose pulmonar é eficaz

Primeiro resultado conclusivo de pesquisa da UFRJ mostrou melhora de 5% no funcionamento pulmonar

Por Aretha Yarak, de Águas de Lindóia
26 ago 2012, 12h57

O uso de células-tronco para o tratamento de pacientes com silicose pulmonar se mostrou eficiente em barrar a progressão da doença em um ano de acompanhamento. A inserção dessas células por broncoscopia consegue ainda melhorar em 5% o funcionamento das áreas do órgão que não foram afetadas pela sílica. O resultado do estudo foi apresentado durante a Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), que terminou neste sábado em Águas de Lindóia, interior de São Paulo.

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CÉLULAS-TRONCO

Também chamadas de células-mãe, podem se transformar em qualquer um dos tipos de células do corpo humano e dar origens a outros tecidos, como ossos, nervos, músculos e sangue. Dada essa versatilidade, vêm sendo testadas na regeneração de tecidos e órgãos de pessoas doentes

A silicose pulmonar é uma doença causada pela inalação da poeira de sílica. O problema afeta principalmente funcionários da construção civil e pessoas que trabalham com lapidação de jóias e com jateamento de cascos de navio com jato de areia. Ao entrar nas vias respiratórias, essa poeira se deposita nos alvéolos pulmonares e fica ali para sempre. Como o organismo não consegue destruir a sílica, um processo inflamatório lento e contínuo é instalado no local. O resultado é a formação de um tecido de cicatrização que vai tomando todo o pulmão – que acaba por perder sua função. Assim, o paciente desenvolve insuficiência respiratória. Estima-se que cerca de 6 milhões de brasileiros foram expostos à poeira de sílica.

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Uma técnica criada pelo pesquisador Marcelo Morales, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é pioneira no mundo. “As células-tronco modularam o processo inflamatório e acabaram por impedir a evolução desse processo”, diz. O tratamento consiste na ingestão, via broncoscopia, de células-tronco adultas derivadas da medula óssea do próprio paciente, e se mostrou eficaz em barrar o crescimento da fibrose. Ele não regenerou, no entanto, aquelas células que já haviam se tornado tecido cicatrizado. “Nos modelos animais, percebemos ainda que será necessário a aplicação de mais de uma dose, porque a doença volta a crescer depois de um tempo.”

Teste em humanos – Os testes para conferir a segurança do procedimento começaram há mais de um ano, mas só chegaram a resultados conclusivos agora. Eles foram realizados em cinco voluntários. “No dia seguinte após a broncoscopia, os pacientes já estavam em casa”, diz Morales. Depois de um ano de acompanhamento, não foram registrados reações ou quaisquer tipos de efeitos adversos. Nenhum dos pacientes teve ainda uma piora do quadro respiratório. Agora, com o fim da fase de pesquisas de segurança, o próximo passo é dar início à fase de eficácia. Segundo Morales, a ideia é que cerca de 30 pacientes participem dos testes.

Pacientes com caso muito avançado da doença, no entanto, não poderão se beneficiar da nova técnica – quando aprovada. Isso porque, como não tem a capacidade de regenerar o pulmão, mas sim barrar a evolução da doença, as células-tronco não reestabelecem a função respiratória gravemente prejudicada. Para esses pacientes, a chance de tratamento está apenas em um transplante pulmonar. “Em um estágio intermediário, o paciente já poderá vir a se beneficiar da terapia”, diz Morales.

Grupos de pesquisa da UFRJ têm estudado ainda o uso de células-tronco em outras doenças respiratórias, como asma e lesão pulmonar aguda. Os resultados obtidos até o momento foram positivos.

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