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Pais mais velhos têm mais chances de passar mutações nocivas aos filhos

Pesquisa mostra que, quanto maior a idade do pai, maiores as chances de ele transmitir mutações genéticas prejudiciais aos filhos, como as responsáveis pelo autismo e esquizofrenia

Por Guilherme Rosa
22 ago 2012, 21h07

Estudo publicado nesta quarta-feira na revista Nature mostrou que a idade em que um pai tem seu filho pode influenciar no número de mutações genéticas que a criança vai herdar. Quanto mais velho ele for, maiores as chances de seu esperma carregar mutações que podem desencadear doenças como autismo e esquizofrenia.

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AUTISMO

Distúrbio que afeta a capacidade de comunicação e de estabelecer relações sociais. O autista comporta-se de maneira compulsiva e ritual. O distúrbio, que pode afetar o desenvolvimento normal da inteligência, atinge cinco em cada 10.000 crianças e é de duas a quatro vezes mais frequente no sexo masculino.

ESQUIZOFRENIA

O distúrbio mental é caracterizado quando há perda de contato com a realidade, alucinações (audição de vozes), delírios, pensamentos desordenados, índice reduzido de emoções e alterações nos desempenhos sociais e de trabalho. A esquizofrenia afeta cerca de 1% da população mundial. O tratamento é feito com uso de remédios antipsicóticos, reabilitação e psicoterapia.

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A pesquisa foi conduzida por cientistas da deCODE Genetics, empresa dedicada ao estudo genético da população da Islândia. Eles analisaram as informações genéticas de 78 famílias, todas compostas por pai, mãe e filho. Desses filhos, 44 tinham autismo, e 21, esquizofrenia. Os pesquisadores procuraram por mutações no DNA das crianças que não estavam presentes em nenhum dos pais e deveriam ter surgido espontaneamente.

Ao analisar os resultados, os pesquisadores descobriram que os pais transmitiram quatro vezes mais mutações que as mães. A média foi de 55 mutações paternas contra 14 maternas. Segundo os pesquisadores, isso acontece porque o esperma é produzido continuamente ao longo da vida, pela divisão sucessiva das células reprodutivas. A cada divisão, elas podem adquirir novas mutações. As mães, ao contrário, já nascem com a quantidade de óvulos que vão usar por toda a vida.

O estudo também mostrou que o número de mutações passadas de pai para filho crescia conforme a idade paterna, numa média de duas novas mutações a cada ano de vida. Segundo os pesquisadores, um pai de 36 anos passaria a seu filho o dobro de mutações que um de 20 anos. Já um pai de 70 anos, passaria oito vezes mais.

Estilo de vida – Algumas das mutações genéticas identificadas pelos cientistas haviam sido relacionadas por outros estudos a condições como autismo e esquizofrenia. Por causa disso, uma das hipóteses levantadas pelos pesquisadores é que a idade cada vez maior em que os homens se reproduzem pode ser uma das causas do aumento do número de crianças com autismo nos Estados Unidos.

Na própria Islândia, a idade média em que os homens têm filhos aumentou de 28 para 33 anos entre 1980 e 2011. Nesse período, segundo o estudo, o número de mutações transmitidas para as crianças subiu de 60 para 70. Os cientistas destacam, no entanto, que a grande maioria dessas mutações não causa nenhum tipo de dano. Na verdade, algumas delas podem até trazer vantagens evolutivas.

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Opinião do especialista

Mayana Zatz
Mayana Zatz (VEJA)

Mayana ZatzGeneticista da USP e colunista do site de VEJA

“Esse resultado não é uma surpresa. Estudos estatísticos já mostravam que os pais mais velhos têm mais chances de transmitir mutações a seus filhos. A novidade dessa pesquisa foi ter chegado a essa conclusão a partir do sequenciamento dos genomas da população”

“Está acontecendo uma mudança na vida reprodutiva dos casais. Os pais estão tendo filhos cada vez mais tarde. Não penso que essa pesquisa vá convencer nenhum pai a ter filhos mais cedo.”

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“Não é só entre os homens que a idade influencia na saúde dos filhos. Quanto mais velha for uma mãe, maiores as chances de acontecerem alterações na quantidade de cromossomos transmitidos à criança, e ele receber um cromossomo a mais. Na maioria dos casos, o embrião acaba não sendo viável. Em alguns outros, a criança pode desenvolver a Síndrome de Down.”

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