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Paciente recebe implante de veia artificial nos EUA

Criados a partir de células humanas, os vasos sanguíneos não causam rejeição e se incorporam ao organismo de quem os recebe

Por Da Redação
13 jun 2013, 13h10

Um homem de 62 dois anos com uma doença renal em estágio avançado foi o primeiro paciente nos Estados Unidos a receber o implante de um novo tipo de veia desenvolvida em laboratório. A operação, realizada no dia 5 de junho por uma equipe do Hospital da Universidade de Duke, é a primeira de um estudo clínico que vai testar a segurança e eficácia dos vasos sanguíneos artificiais.

O órgão artificial é feito a partir de células humanas, mas não tem riscos de rejeição. Para que isso seja possível, células de doadores são cultivadas em uma armação tubular para formar o vaso. Depois, são eliminadas do vaso as propriedades que podem ativar uma resposta imunológica. Em testes pré-clínicos, os vasos produzidos com a técnica apresentaram desempenho melhor do que outros implantes sintéticos ou feitos a partir de animais.

“Esse é um evento pioneiro na medicina”, afirma Jeffrey H. Lawson, cirurgião vascular da Universidade Duke, que trabalha há 15 anos no desenvolvimento do projeto, ao lado de Laura Niklason, da Universidade Yale. De acordo com os pesquisadores, outros tipos de vasos sanguíneos sintéticos têm mais chances de coagulação. Além disso, retirar os vasos dos próprios pacientes envolve um processo cirúrgico a mais e tem maior risco de infecções e outras complicações.

Fase de testes – Os testes clínicos tiveram início na Polônia, em dezembro do ano passado, quando foi realizado o primeiro implante em seres humanos. Nos Estados Unidos, os testes demoraram em virtude da necessidade de avaliação pelo FDA, órgão responsável pelo controle de alimentos e medicamentos no país. Mas agora, com a recente aprovação, 20 pacientes americanos com doenças renais devem receber o implante.

Na fase inicial, o foco é o implante de vasos sanguíneos nos braços de pacientes que fazem hemodiálise. Pessoas submetidas a esse procedimento frequentemente precisam de implantes que conectam uma artéria a uma veia, para acelerar o fluxo sanguíneo durante o tratamento. De acordo com Lawson, o implante é feito próximo à pele, em um local que permite a monitoração. “É um local seguro para testar e fácil de avaliar”, disse o pesquisador ao site de VEJA.

Desenvolvimento – Para produzir o órgão, os pesquisadores desenvolveram uma armação biodegradável, que vai se dissolvendo até desaparecer depois que o vaso sanguíneo é formado. Nesse suporte, rico em vitaminas, aminoácidos e outros nutrientes, foram cultivadas células musculares de doadores de órgãos. Para fortalecer o tecido criado, os pesquisadores introduziram uma pulsação, que bombeia os nutrientes no ritmo das batidas do coração – assim, os vasos artificiais crescem com propriedades semelhantes aos naturais.

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Inicialmente, Lawson e Laura pensaram em criar os vasos com células da própria pessoa que fosse recebê-los, para evitar a rejeição do implante. Porém, o desenvolvimento de vasos personalizados, além de ser mais demorado, inviabilizaria a possibilidade de uma produção em escala maior. Como os pesquisadores desejavam criar um produto universal, optaram por outra técnica.

A solução encontrada foi lavar o vaso depois de pronto com uma substância que remove as propriedades celulares, deixando apenas a estrutura de colágeno, que não ativa o sistema imunológico. “Nós fazemos com que essas células não sejam reconhecidas como invasoras pelo organismo, porque matamos e retiramos todos os elementos que as células produzem que geram esse reconhecimento”, afirma Lawson.

“No final do processo, temos um implante ‘imunologicamente silencioso’ [que não provoca resposta do sistema imunológico], que pode ser armazenado na prateleira do hospital e utilizado em qualquer paciente que precise dele”, diz Laura Niklason. “Diferentemente de outros implantes sintéticos, nossos vasos sanguíneos se encaixam nas artérias e veias às quais são ligados, o que é uma vantagem”, completa a pesquisadora.

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Inovação – Para Jeffrey Lawson, a principal característica desse implante é sua capacidade de se tornar parte do organismo de quem o recebe. “Quando implantado em animais, ele adota as propriedades celulares de um vaso sanguíneo. Ele não só evita a rejeição, como se torna indiferenciável dos demais tecidos, porque as células do receptor começam a crescer sobre ele.”

Após a realização dos primeiros testes, os pesquisadores desejam explorar novas áreas clínicas e novos tamanhos e formas para os implantes. “O primeiro passo é obter em humanos os mesmos resultados que tivemos com animais e em laboratório. Depois, queremos aplicar esses vasos sanguíneos em cirurgias vasculares nas pernas”, afirma Lawson.

Ele explica que os vasos atuais têm cerca de 6 milímetros de diâmetro, um tamanho adequado para o implante em braços e pernas. Porém, o uso em locais mais delicados, como coração e cérebro, requer vasos mais finos, com diâmetro de 3 milímetros, que estão em fase de teste em animais. Além disso, Lawson acredita que a pesquisa pode abrir caminho para o desenvolvimento em laboratório de órgãos mais complexos.

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