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Mamografia pode gerar diagnósticos em excesso, aponta estudo

De acordo com pesquisa de Harvard, sistema de triagem pode detectar cânceres que não provocariam sintomas ou mortes e levar mulheres a tratamentos desnecessários em até 20% dos casos

Por Da Redação
3 abr 2012, 13h37

Um estudo feito na Faculdade de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, e publicado nesta terça-feira no periódico Annals of Internal Medicine, sugere que a mamografia feita como exame de rotina pode levar a um diagnóstico em excesso de doenças que poderiam mais tarde provarem-se inofensivas. A pesquisa, que não desconsidera a importância do procedimento na detecção precoce do câncer, estima que entre 15% e 20% dos diagnósticos acabam se mostrando excessivos, ou seja, são casos que não provocariam sintomas e nem levariam a paciente à morte.

“A mamografia não é capaz de distinguir o câncer de mama que não vai causar sintomas ou morte dos outros. O exame é feito para detectar os menores dos tumores na tentativa de identificar o maior número de cânceres possível e, assim, curar o maior número de pacientes”, diz Mette Kalager, pesquisadora que coordenou o estudo. “No entanto, o nosso estudo contribui para as outras evidências que já existem de que essa prática tem causado problemas às mulheres em relação ao excesso de diagnóstico da doença.”

O estudo se baseou em dados de um programa nacional de triagem para o câncer de mama feito na Noruega. O projeto teve início em 1996 e foi destinado a mulheres com idades entre 50 e 69 anos. Foram analisadas informações de 39.888 participantes que desenvolveram câncer de mama invasivo, sendo que 7.793 desses casos foram diagnosticados por meio do programa norueguês. Os pesquisadores compararam os casos que foram diagnosticados pelo sistema de triagem com os que foram detectados antes de o programa começar.

Conclusões – Segundo os pesquisadores, antes dos resultados, eles imaginavam que, se a mamografia de rotina fosse benéfica, o programa de triagem levaria a uma diminuição de casos de fases mais avançadas do câncer de mama, uma vez que o diagnóstico precoce impediria que a doença chegasse a tal estágio. No entanto, o estudo mostrou que isso não aconteceu, ou seja, não houve redução no número de casos de câncer que chegaram a estágios mais avançados. Por outro lado, houve um aumento nos casos de diagnósticos em excesso. Entre as 7.793 mulheres detectadas com câncer de mama pelo sistema de triagem, de 15% a 25% foram prejudicadas por esse diagnóstico excessivo.

A equipe concluiu que, para cada 2.500 participantes que participam de rastreamento, 2.470 nunca serão diagnosticadas com o problema e 2.499 não terão riscos de morrer por causa da doença. Além disso, de acordo com o estudo, apenas uma morte por câncer de mama será impedida pelo programa, enquanto de seis a dez mulheres receberiam o diagnostico excessivo e passariam por tratamento com cirurgias, quimioterapia ou radioterapia, possivelmente sem qualquer benefício.

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Kalager diz que as descobertas do trabalho sugerem que as mulheres devem estar bem informadas não só sobre os benefícios da mamografia, mas também sobre os seus efeitos prejudiciais, incluindo os possíveis problemas mentais, biópsias, cirurgias ou quimioterapia e tratamentos hormonais para casos da doença que não evoluiriam para estágios mais avançados.

A controversa mamografia: quando fazer o exame?

Os especialistas vêm debatendo e pesquisando qual seria a melhor idade para início dos exames de rotina para o câncer de mama e qual seria a frequência ideal – se anualmente ou a cada dois anos.

O problema reside no alegado fato de que os exames antes dos 50 anos trariam benefícios pequenos quando comparados aos riscos. Por exemplo, algumas mulheres podem ser prejudicadas por falsos positivos. Ao serem submetidas a cirurgias para remover tumores que não seriam necessariamente agressivos, elas teriam um diagnóstico incorreto e um possível tratamento desnecessário.

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Em 2009, a Força Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF, sigla em inglês), um painel com apoio federal, afirmou que os exames feitos antes dos 50 anos deveriam ser uma escolha pessoal da mulher. Mesmo na faixa dos 50 anos, a USPSTF recomenda que os exames sejam feitos a cada dois anos.

Já a Sociedade Americana do Câncer e outras organizações médicas, como o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, indicam que as mulheres devem fazer mamografias anuais a partir dos 40 anos de idade.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), as brasileiras com idades entre 50 e 69 anos devem realizar a mamografia cada dois anos ou de acordo com a recomendação médica. É importante salientar, contudo, que a indicação de rastreamento a partir dos 50 anos destina-se apenas às mulheres que não tenham história familiar de câncer de mama.

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