Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Cientistas revertem déficit cognitivo em camundongos com Síndrome de Down

Em testes com animais, composto químico melhorou a comunicação entre células nervosas, evitando o comprometimento da cognição, memória e aprendizado

Por Vivian Carrer Elias
5 mar 2013, 12h35

Uma equipe de pesquisadores conseguiu reverter alguns dos principais déficits neurológicos característicos da Síndrome de Down em camundongos. Isso aconteceu após os cientistas descobrirem que um determinado composto químico bloqueia receptores cerebrais que inibem a comunicação entre as células nervosas, comprometendo habilidades como cognição, comportamento, aprendizado e memória. E, segundo os resultados do estudo, o benefício ocorreu nos animais sem provocar efeitos adversos graves.

Saiba mais:

SÍNDROME DE DOWN

A síndrome de Down é um distúrbio genético e ocorre em um de cada 700 bebês nascidos vivos em todo o mundo. O risco de ter um bebê com síndrome de Down – que ocorre quando uma criança tem três cópias do cromossomo 21, em vez das duas normais – aumenta com a idade da gestante. O risco incorrido quando a mãe tem 40 anos é 16 vezes maior que o de uma mãe de 25. Crianças com a síndrome tendem a ter a cabeça pequena, rosto largo e achatado, nariz curto, olhos amendoados, língua grande e orelhas pequenas. Há atraso no desenvolvimento físico e mental.

A pesquisa, desenvolvida por cientistas da Universidade de Cantábria e do Instituto Cajal, ambos na Espanha, junto a especialistas da farmacêutica Roche, foi descrita em um artigo publicado nesta quinta-feira no periódico The Journal of Neuroscience. De acordo com Maria Clemencia Hernandez, uma das autoras do estudo, diferentes trabalhos feitos ao longo dos últimos anos sustentam a hipótese de que uma inibição excessiva de circuitos cerebrais específicos do cérebro resulte em alguns dos sintomas característicos da Síndrome de Down, especialmente os relacionados à cognição e ao comportamento. A partir desse dado, sua equipe de pesquisa vem procurando formas de barrar essa inibição.

Continua após a publicidade

Leia também:

Ministério da Saúde lança diretrizes para atendimento a pacientes com Síndrome de Down

A vida repaginada dos portadores de síndromes genéticas

Alvo certo – Nesse novo estudo, os cientistas testaram a ação do composto químico RO4938581. “Esse composto foi feito para bloquear receptores específicos do neurotransmissor GABA, o qual atua em regiões do cérebro associadas ao processo cognitivo. Tais receptores acabam inibindo a comunicação entre as células nervosas nessas áreas cerebrais”, disse Maria Hernandez ao site de VEJA.

Continua após a publicidade

Ao testar a ação do RO4938581 em camundongos com Síndrome de Down, os pesquisadores esperavam que o composto atacasse esse grupo específico de receptores e evitasse que a atividade do GABA fosse inibida, “especialmente em sistemas cerebrais importantes para cognição, aprendizado e memória”, segundo Hernandez. De acordo com os resultados da pesquisa, o RO4938581 foi eficaz em atuar no bloqueio desses receptores sem causar maiores efeitos adversos. “Além disso, o tratamento com esse composto melhorou anormalidades na quantidade e na função de células nervosas no cérebro de camundongos adultos”, disse Hernandez.

“Esses resultados basicamente demonstram que a modulação seletiva dos receptores de GABA em regiões chaves do cérebro pode estimular percursos de memória e aprendizado, além de levar a melhoria de cognição e comportamento”, disse Hernandez. “Os resultados do estudo ainda colaboram com a ‘hipótese de inibição excessiva’ estabelecida ao longo de muitos anos de pesquisa por vários grupos acadêmicos.”

“Até agora, nenhuma abordagem clínica atua sobre as limitações na função cognitiva associada à Síndrome de Down. Nosso objetivo é desenvolver uma opção terapêutica para pessoas que têm a condição melhores as suas habilidades cognitivas e comportamentais e, assim possam ter uma vida ainda mais independente”, disse Hernandez. A pesquisadora lembra que esses resultados fazem parte de um estudo pré-clínico e que, portanto, ainda não podem ser aplicados na prática.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.