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Brasil enfrenta risco de epidemia nacional de dengue, alerta especialista

Contaminação em larga escala pode acontecer no próximo verão e exige resposta urgente de autoridades de saúde, adverte chefe do Instituto Evandro Chagas

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h36 - Publicado em 1 set 2011, 17h27

“Os tipos 1 e 2 predominam no país, mas já estão se estabilizando. Já o 4 está em terceiro lugar com tendência de subida”, explica Pedro Vasconcelos

Um dia após a cidade do Rio de Janeiro saber que enfrentará o pior surto de dengue no próximo verão, o Instituto Evandro Chagas, referência nacional do Ministério da Saúde para essa doença, faz um alerta: “Se nada for feito, certamente será uma epidemia de grandes proporções no Brasil”, afirma Pedro Vasconcelos, chefe do Departamento de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do instituto, localizado no Pará. O grande vilão dessa vez será o sorotipo 4, que entrou no país em 1982, através de Roraima. Na ocasião, pela precariedade da estrutura de transportes e do isolamento do estado, o vírus não se alastrou e foi contido. Agora, o tipo 4 voltou a Roraima e se espalhou pelo país. Por nunca ter tido o contato com o vírus, a população brasileira encontra-se vulnerável.

A volta desse sorotipo é explicada pela ligação entre Roraima e a Venezuela, que tem, desde a década de 1970, os quatro sorotipos. O vírus encontrado no país vizinho é idêntico ao tipo 4 que começou a circular no Norte do Brasil, o que comprova a sua origem venezuelana. O problema da entrada da nova variação da doença após quase 30 anos é a quantidade de pessoas suscetíveis à contaminação. E com um agravante: o brasileiro, quando já foi infectado por algum tipo de dengue e é contaminado por outro, pode ter a doença ainda mais forte. O agravamento se deve ao fato de a imunidade obtida após a contaminação por um vírus servir apenas para o mesmo tipo de dengue. Se o sorotipo for diferente, os anticorpos adquiridos, ao invés de proteger, aumentam a infecção. É essa a teoria mais aceita entre os especialistas no assunto.

Pelo cenário que se desenha, são ínfimas as chances de o tipo 4 não perturbar o verão de muita gente. “Os tipos 1 e 2 predominam no país, mas já estão se estabilizando. Já o 4 está em terceiro lugar com tendência de subida”, explica Vasconcelos. Por isso ele considera “extremamente louvável” a iniciativa da prefeitura do Rio, que, na quarta-feira, avisou da futura epidemia e traçou metas para minimizar o impacto da doença na cidade. Algumas delas são multas para o proprietário da casa que não eliminar os focos da dengue e a entrada à força da prefeitura em imóveis cujos donos não permitam a visita dos agentes.

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A prevenção, intensificada a partir deste mês no Rio, tem por objetivo reduzir os riscos. Mas não pode freá-los. Segundo o secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann, na perspectiva mais pessimista, que, segundo ele, “têm grande chance de se concretizar”, esse surto de dengue será um dos piores já enfrentados pelos cariocas. Dohmann baseia-se em dois aspectos. O primeiro é a análise de dados técnicos. Eles mostram que nos anos anteriores a uma epidemia no Rio sempre há um pico menor da doença. É o caso dos anos de 2001 e 2007, antes de duas graves epidemias. No verão passado, em 2011, houve mais casos de dengue no que nos outros. O outro ponto levantado por Dohmann é o tipo 4, que circula em Niterói, cidade perto do Rio. “É uma questão de tempo esse vírus chegar”, diz.

Em um olhar mais otimista, o secretário também não descarta a gravidade da dengue. “Em um cenário otimista, haverá significativo aumento de casos, que talvez não chegue ao nível de epidemia. Mas será, fatalmente, um verão com alto número de contaminados”, afirma.

Segundo o secretário, medidas de combate à dengue já vêm sendo implementadas desde 2009, quando a cidade começou a adquirir, por exemplo, novos fumacês. De janeiro a setembro deste ano, o Rio teve 67.540 casos de dengue e 43 mortes. A cidade foi responsável por 30% de óbitos pela doença no estado, número inferior aos das epidemias de 2002 e de 2008- 70% e 60% respectivamente.

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Dados da dengue– No primeiro semestre deste ano, foram confirmados 310 óbitos no país, sendo a maioria em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia e Amazonas. O total de notificações chegou a 715.666, com 8.102 casos graves. O predomínio da circulação é do vírus tipo 1, mas há presença significativa dos tipos 2 e 4. No relatório do Ministério da Saúde, divulgado em julho, já era destacado: “Esse cenário, associado às condições ambientais, permitem a manutenção do mosquito Aedes aegypti em nossas cidades e alerta para a possibilidade de persistência da transmissão em níveis elevados no verão de 2012”.

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