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Vítimas de ex-apresentador da BBC tinham entre 5 e 75 anos

Relatório do Departamento de Saúde britânico traz detalhes sobre denúncias contra Jimmy Savile, que atuou durante décadas como voluntário em hospitais. Para secretário, comunicador agiu como 'predador perverso'

Por Da Redação
26 jun 2014, 18h38

O ex-apresentador da rede BBC Jimmy Savile abusou sexualmente de homens, mulheres, adolescentes e crianças com idades entre cinco e 75 anos em vários hospitais da Grã-Bretanha, revelou uma investigação do Departamento de Saúde do país divulgada nesta quinta-feira. O documento indica que os abusos se prolongaram por décadas. Durante anos uma das personalidades mais queridas da rede britânica, Savile passou a ser visto como uma figura monstruosa depois que centenas de denúncias de abuso sexual surgiram contra ele. O comunicador morreu em 2011, antes que as primeiras denúncias viessem à tona.

O relatório divulgado nesta quinta trata apenas das denúncias de abusos cometidos no período em que Savile atuou como voluntário em hospitais. Segundo o jornal The Guardian, os investigadores analisaram indícios em 28 unidades de saúde, inclusive uma unidade psiquiátrica. O documento aponta que ele tinha acesso livre a enfermarias e quartos e chegou até mesmo a exercer cargos administrativos. O apresentador também costumava organizar campanhas para arrecadar fundos para os hospitais, aumentando sua influência e ganhando a simpatia dos diretores. O primeiro caso de suspeita de abuso ocorreu ainda em 1962, quando Savile tinha 36 anos, e o mais recente em 2009, quando ele já estava com 82 anos de idade.

Entenda o caso

  1. • Por décadas, o excêntrico apresentador de rádio e televisão Jimmy Savile foi uma das figuras mais queridas da rede BBC. Ele morreu em outubro de 2011, com 84 anos.
  2. • Um ano depois, a polícia britânica abriu uma investigação após centenas de denúncias de abusos sexuais – em sua maioria contra adolescentes e mulheres.
  3. • Segundo investigações, Savile escolhia suas vítimas em hospitais, escolas e até mesmo nos estúdios da emissora.

Hospitais – Uma das unidades às quais a celebridade tinha acesso irrestrito era o hospital pisquiátrico de segurança máxima de Broadmoor, em Berkshire, no sudeste da Inglaterra. Savile atuou no local entre 1968 e 2004 e onze pessoas apresentaram acusações contra o apresentador. Entre elas, seis pacientes, dois funcionários e três crianças – Savile teria exposto partes íntimas para uma delas. O comunicador também teria abusado de dois homens na unidade. As vítimas afirmam ter sido desestimulados pelos administradores a prestar queixa. Savile só deixou de visitar a unidade em 2004, quando o sistema de segurança foi modernizado.

O relatório detalha ainda que Savile costumava olhar pacientes tomando banho ou trocando de roupa na unidade psiquiátrica. “Savile podia ser charmoso e persuasivo, pelo menos para alguns, mas ao mesmo tempo ele era megalomaníaco, narcisista, arrogante e lhe faltava empatia. Ele também era bastante manipulador e muitos funcionários estavam convencidos de que ele tinha conexões e influência e, consequentemente, o poder para demiti-los”, diz o documento.

“Concluimos que a cultura institucionalizada de Broadmoor era tolerante de maneira inapropriada com relacionamentos sexuais entre funcionários e pacientes e poderia ser hostil com quem tentasse denunciar algum caso. Houve claramente uma falha sistemática em adotar procedimentos de segurança”, acrescentou o levantamento, segundo o jornal The Guardian.

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‘Predador sexual’ – As informações sobre o hospital de Leeds, onde Savile trabalhou como voluntário entre os anos 60 e 70, têm como base 64 denúncias de meninos e meninas, mulheres e homens, jovens e idosos. Dezenove funcionários descreveram comportamento abusivo ou inapropriado do apresentador. Pelos menos nove pessoas fizeram denúncias à época em que os crimes ocorreram, mas foram ignoradas pelos administradores.

Segundo o relatório, os denunciantes nas unidades tinham entre 5 e 75 anos quando sofreram os abusos. “Ele abusou e estuprou pacientes sem escrúpulos”, disse o secretário de Saúde britânico Jeremy Hunt, que pediu desculpas nesta quinta-feira no Parlamento a todas as vítimas do apresentador atacadas enquanto estavam sob os cuidados do Serviço Nacional de Saúde. O secretário descreveu o apresentador como “um predador perverso, oportunista e insensível”, informou a rede americana CNN.

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Cadáveres – A investigação também examinou as alegações de que Savile tinha uma fixação pelo necrotério dos hospitais. Uma enfermeira de Broadmoor afirmou que viu Savile posar para fotografias ao lado de cadáveres, enquanto outras testemunhas afirmaram que o apresentador se gabava de possuir joias feitas a partir de olhos de vidro retirados de dois corpos. Os investigadores não confirmaram se Savile realmente violava cadáveres.

Julian Hartley, um dos administradores do Hospital de Leeds, pediu desculpas pelos procedimentos inadequados que permitiram a Savile ter acesso livre às unidades e afirmou que os hospitais britânicos são administrados de maneira bem diferente atualmente, com mais foco na segurança.

Trajetória – Quando Savile era apresentador e DJ, foi agraciado com o título de “Sir” pela realeza britânica por seu trabalho filantrópico. Ele era conhecido por sua imagem exótica, normalmente ostentando joias de ouro e um charuto. As denúncias contra ele foram inicialmente apresentadas pela emissora concorrente da emissora pública britânica, a ITV, em programa veiculado no em 3 de outubro de 2012, com depoimentos de diversas mulheres afirmando terem sido abusadas quanto ainda eram menores de idade. Nos dias seguintes, diversas outras vítimas foram à público fazer denúncias semelhantes.

Os ataques do comunicador não se limitaram aos hospitais. Há indícios de que ele fazia sexo com adolescentes em seu camarim na BBC, atacava meninas e meninos, usava seu acesso a instituições de caridade para abusar de crianças e jovens doentes, vítimas de paralisia ou em quimioterapia, entre outras perversões inimagináveis. Segundo um relatório divulgado no ano passado pela polícia britânica, pelos menos 500 pessoas afirmaram terem sido vitimas do apresentador.

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