Tunísia vai às urnas para escolher Parlamento
Serão as primeiras eleições parlamentares no país desde o fim da ditadura, que caiu em 2011 no início da chamada Primavera Árabe
Os tunisianos enfrentam filas neste domingo para votar pela primeira vez para candidatos ao Parlamento desde a queda da ditadura no país, durante a revolução de 2011 que deu início à Primavera Árabe. O país tem sido atingido por incertezas políticas e econômicas nos últimos três anos e meio, incluindo assassinatos políticos, conflitos trabalhistas, alta inflação e ataques de extremistas islâmicos.
Leia também
Tunísia põe fim ao estado de emergência que vigorava desde a revolução
Três anos depois de revolta, Tunísia tem nova Constituição
Entre os cidadãos, há um clima de descontentamento com o ritmo lento de mudança e a persistência de problemas econômicos, após a revolução que foi parcialmente realizada por causa da falta de postos de trabalho. Ainda assim, a transição democrática da Tunísia se manteve nos trilhos, ao contrário de outros países que também viveram revoltas na Primavera Árabe.
Desafios – Depois da revolta de 2011, a Tunísia, uma das nações mais seculares do mundo árabe, enfrentou divisões relacionadas ao papal do Islã e à ascensão de islamistas ultraconservadores. Líderes do Ennahda – uma organização com ideologia similar à da Irmandade Muçulmana – que viviam asilados na Europa voltaram ao país depois da queda de Ben Ali e, meses depois, a organização ganhou 40% das cadeiras no Parlamento que se encarregaria de montar um governo de transição e de redigir uma nova Constituição. Cargos altos nos ministérios foram ocupados até por ex-exilados que eram constantemente monitorados pela Interpol por suspeita de terrorismo.
No ano passado, o assassinato de dois líderes opositores provocou uma crise no país. Associada aos desdobramentos no Egito, a crise levou o Ennahda a fazer um acordo com a oposição. As divisões permanecem e o país também tem preocupações relacionadas à fronteira com a Líbia, refúgio de terroristas ligados à Al Qaeda. Um atentado suicida em um resort tunisiano no final do ano passado expôs a vulnerabilidade do país.
Os problemas também atingem a esfera econômica, com alto custo de vida, desemprego e inflação elevados e déficit orçamentário. Recentemente, protestos contra um aumento de impostos levou o governo a voltar atrás na decisão. “A adoção de uma nova Constituição é um passo importante para reduzir a instabilidade política na Tunísia. Mas aliviar com as tensões política e social ainda será um processo longo e desafiador”, afirmou a agência de rating Fitch em comunicado.
(Com Estadão Conteúdo)