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Secretário diz que não entrou onde promotor foi encontrado morto

Sergio Berni, responsável por forças de segurança argentinas, esteve no apartamento do promotor que denunciou governo de Cristina Kirchner antes de promotora que investiga o caso chegar. Deputada opositora pede explicações

Por Da Redação
20 jan 2015, 22h08

O secretário de Segurança Nacional da Argentina, Sergio Berni, afirmou nesta terça-feira que não entrou no banheiro onde o corpo do promotor Alberto Nisman foi encontrado. “Não entrei no banheiro e não deixei que ninguém entrasse”, disse, em entrevista ao canal de TV Todo Notícias.

Antes mesmo dos responsáveis pela investigação chegarem ao local, Berni foi ao apartamento de Nisman, encontrado morto na madrugada de segunda-feira, menos de uma semana depois de apresentar uma longa denúncia contra a presidente Cristina Kirchner e vários apoiadores. Segundo o promotor, o governo teria atuado para encobrir iranianos envolvidos no atentado a um centro judaico em 1994, que deixou 85 mortos.

De acordo com o secretário, as primeiras pessoas a entrarem no apartamento em Buenos Aires foram a mãe do promotor e um dos agentes da Polícia Federal que faziam a segurança de Nisman. “Quando viram que a porta do banheiro estava aberta e a luz acesa, o policial tentou entrar, mas não conseguiu, porque o corpo estava obstruindo a porta”.

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Berni disse não saber quem entrou primeiro no banheiro para determinar que Nisman estava morto. “Uma vez que se constatou que estava morto, entrou a promotora e a polícia. Eu olhei para ter uma ideia”.

Ele também falou sobre o assunto com a rádio Mitre, repetindo em parte sua versão. Disse que a mãe do promotor e o chefe da segurança foram os primeiros a entrar, e que, quando chegou ao local, “havia muita gente lá dentro”. “Eu tinha minhas dúvidas de que ele talvez estivesse vivo, que poderia estar agonizando. Pedi à promotora que viesse (…) e foi assim que ela e o juiz ordenaram a entrada no banheiro”.

“Eu não cheguei a entrar lá. Não devia, porque era o lugar onde estavam todas as provas. Só me aproximei para olhar. Minha função é garantir que os protocolos sejam seguidos”.

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Sobre sua presença no local, o secretário afirmou que “vai a todos os lugares”. “Em muitos lugares muitas coisas foram perdidas por não estar presente. As forças de segurança estão sob minha competência, é minha responsabilidade”.

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Explicações – A presidente da Comissão de Legislação Penal da Câmara dos Deputados, Patricia Bullrrich, indicou que pretende solicitar que o secretário explique no Congresso o que fazia no apartamento antes da chegada da promotora Viviana Fein, que investiga a morte.

“Por que ele chegou ao lugar antes da Justiça? Teve acesso ao local antes da promotora?”, escreveu a parlamentar em sua conta no Facebook. “A atuação de Berni me traz muitas dúvidas. Isso escapa à lógica. Ele não tinha nada a fazer no apartamento do promotor Nisman”.

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Em seguida, a deputada elenca uma série de perguntas que pretende fazer ao secretário, entre elas: “Como ficou sabendo de que algo acontecia com o promotor? Quem avisou a mãe de Nisman? Quanto tempo passou desde que entrou no apartamento até a chegada da promotora? Se deu conta de que, havendo uma denúncia contra a presidente, a promotora deveria ter entrado antes que você e, em todo caso, que você não deveria estar ali?”

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Suicídio – Berni também tentou minimizar o resultado da perícia indicando que não havia pólvora na mão do promotor. Para o secretário, essa prova “não é determinante”. “A prova depende da arma, da pólvora e é preciso ver a posição da mão. São múltiplos fatores. Se a mão estava contaminada e o médico tocou a mão dele. Existem vários fatores que podem levar a um resultado negativo apesar de ele ter disparado a arma”, disse à C5N.

“A promotora, que está trabalhando muito bem, tem a obrigação de investigar para descartar qualquer hipótese. É uma prova que pode ser forjada se alguém quer esconder um suicídio”, acrescentou, em declaração reproduzida pelo jornal La Nación.

Apesar do esforço de Berni e da própria Cristina Kirchner em apontar o suicídio como a causa da morte de Nisman, há razões para ceticismo. O promotor havia sido alvo de ameaças – em uma ocasião, um recado foi deixado em sua secretária eletrônica advertindo que ele seria caçado e levado a uma prisão iraniana. Além disso, a denúncia contra a presidente apresentada na quarta-feira e a audiência marcada para esta semana na Câmara dos Deputados com o objetivo de detalhar as acusações representavam o coroamento de um trabalho de investigação iniciado há mais de dez anos.

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