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Relatos em primeira pessoa da repressão venezuelana

VEJA conversou com três estudantes que participaram de protestos e testemunharam a violência crescente do Estado venezuelano

Por Paula Pauli
20 Maio 2016, 17h01

Na quarta-feira, 18, a oposição da Venezuela convocou passeatas em vinte cidades para pedir um referendo revogatório, um recurso constitucional que permite encurtar o mandato dos presidentes. Na capital, Caracas, os manifestantes cobravam do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) celeridade para iniciar o processo, que já conta com as assinaturas necessárias. No estado de Mérida, estudantes e funcionários da Universidade dos Andes (ULA) fecharam ruas próximas à faculdade para exigir aumento no salário dos professores. Todos foram violentamente reprimidos. VEJA conversou com três estudantes que participaram desses protestos. Seguem os relatos.

Gerardo Subaran, 18, estudante de direito da ULA (Universidade dos Andes), em Mérida

“O protesto começou na faculdade de Medicina, onde os alunos haviam fechado as ruas próximas. De repente, começaram a chegar motoqueiros armados por todos os lados, que nós chamamos de colectivos. Eles avançaram e nós, com receio, recuamos para dentro da universidade. Em pouco tempo, a guarita de segurança estava totalmente destruída. Disparos de armas e pedras nos fizeram recuar ainda mais. Os colectivos roubaram uma moto que estava estacionada e atearam fogo nos veículos da faculdade, o que fez com que parte do auditório ficasse em chamas. Quando pensamos que tudo iria se acalmar, eles impediram que os bombeiros entrassem para controlar o fogo. Quando entraram na faculdade, nós saímos correndo. Quando vimos um barranco, nos jogamos lá e ficamos escondidos até que pudéssemos sair. A maioria dos que nos atacaram estava encapuzada ou de capacete. Alguns tinham bonés com a imagem de Che Guevara ou estavam com camisetas vermelhas. Eles andavam todos juntos e estavam apoiados pelos policiais. São todos adeptos do regime. Cumprem ordens do governador de Mérida, que é chavista”

Marco González, 23 anos, estudante de direito da ULA e representante do movimento estudantil 100% Estudantes, em Mérida

“O protesto começou pacificamente, pela manhã. Participavam dele funcionários da administração, alunos, professores e até gente que faz parte das obras. A polícia chegou dizendo que tínhamos que abrir espaço, senão eles iriam agir. Dissemos que não o faríamos, já que o movimento era pacifico, e que eles deveriam deixar-nos protestar por duas horas, como estava previamente combinado. Então, um grupo de policiais tentou dispersar os protestos com bombas de gás lacrimogêneo. Nós tentamos levar os professores e os mais velhos para dentro da universidade, protegendo-os. Nesse momento, vimos alguns amigos sendo atingidos pelas bombas. Quando chegaram os simpatizantes do governo, o clima ficou ainda mais tenso. Eles começaram a nos agredir e nos ameaçaram com armas de fogo. Entre quinze a vinte pessoas foram feridas com balas de borracha ou de chumbo. Eu mesmo levei oito no meu corpo: cinco no abdômen e três na perna”

Hasler Iglesias, 24, Presidente da Federação dos Centros Universitários da Universidade Central da Venezuela, em Caracas

“Permanecemos na Avenida Libertador durante meia hora sem que houvesse grandes tumultos. Quando os dirigentes do protesto começaram a avisar a todos os manifestantes que a marcha estava encerrada e todos começamos a nos retirar, a repressão começou. A polícia, então, avançou, tratando de empurrar os manifestantes. Jogaram bombas de gás lacrimogênio, dispararam balas de borracha e de chumbo e lançaram gás de pimenta. Os manifestantes se dispersaram. Recebi alguns golpes pelos escudos dos policiais, nada grave, mas vi um senhor que teve a cabeça ferida por uma bomba de gás lacrimogêneo”

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