Presidente diz que Ucrânia trava “guerra de verdade” contra a Rússia
À rede ‘BBC’, Petro Poroshenko afirmou que Kiev não está guerreando com organizações separatistas, mas com as Forças Armadas de Moscou
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, afirmou nesta terça-feira que o país entrou em uma “guerra de verdade” contra a Rússia. “Posso ser absolutamente claro? Esta não é uma luta contra grupos separatistas apoiados pela Rússia, esta é uma guerra de verdade contra a Rússia”, declarou Poroshenko à rede britânica BBC. “O fato de nós termos capturado soldados de forças especiais russas regularmente reforça esta questão”.
O presidente ucraniano disse ainda que, embora não confie em Vladimir Putin, não tem outra opção a não ser negociar com o Kremlin. Poroshenko acredita que algumas partes do leste da Ucrânia não poderão mais ser reconquistadas por Kiev apenas com aparato militar, o que o obriga a manter um canal diplomático aberto para negociar com Putin uma saída pacífica para o conflito.
Durante a entrevista, Poroshenko disse temer uma ofensiva militar da Rússia contra Kiev. “Tenho medo de tudo. Acredito que eles [Moscou] estão preparando uma ofensiva e acho que devemos estar preparados. Não podemos dar a eles nenhuma chance de provocação, por menor que seja ela. Isso será de total responsabilidade deles”, afirmou.
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Nesta terça-feira, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, pediu para que a Rússia interrompa os exercícios militares que têm realizado na região fronteiriça com a Ucrânia. Stoltenberg ordenou que Moscou seja “mais transparente quando se trata de suas atividades militares”. A comunidade internacional acusa Moscou de ter financiado, treinado e armado os grupos separatistas que passaram a atuar no leste ucraniano em abril do ano passado, um mês após a anexação ilegal da península da Crimeia pelo governo russo. O Kremlin nega as denúncias.
Um frágil cessar-fogo entre Kiev e os rebeldes separatistas está em vigor desde fevereiro, embora conflitos continuem sendo registrados no leste do país. A ONU estima que mais de 6.000 pessoas tenham sido mortas desde o início da guerra.
(Da redação)