Partido laico vence as eleições legislativas na Tunísia
Alternativa ao islamismo, a legenda Nidaa Tunis conseguiu 85 das 217 cadeiras do novo Parlamento do país, contra as 69 obtidas pela sigla islamita Ennahda
O partido laico Nidaa Tunis venceu as eleições legislativas realizadas no último domingo na Tunísia, superando os islamitas do Ennahda, informou nesta quinta-feira o órgão eleitoral do país. O Nidaa Tunis obteve 85 das 217 cadeiras do Parlamento, contra 69 para o Ennahda. A União Patriótica Livre (UPL), legenda do magnata Slim Riahi, terminou na terceira posição, com 16 cadeiras, seguido pela Frente Popular, uma coalizão de esquerda, com 15.
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Cruciais para a transição democrática na Tunísia, as eleições legislativas precedem a votação presidencial marcada para 23 de novembro e devem dar ao país instituições estáveis quatro anos depois da revolta popular de janeiro de 2011, que encerrou os 21 anos de ditadura de Zine El Abidine Ben Alí.
O partido laico Nidaa Tunes, uma formação heterogênea que agrupa tanto políticos da esquerda e de centro-direita, como caciques do regime do ditador deposto, busca ser uma alternativa democrática ao islamismo. A sigla promoveu uma campanha de forte oposição contra a legenda islâmica Ennahda, acusando os adversários de obscurantismo. No novo Parlamento, o Nidaa Tunis deverá buscar o apoio de partidos pequenos para formar o Executivo, já que o sistema eleitoral tunisiano permite a presença de um grande número de siglas com porcentagens de voto pequenas, favorecendo assim a formação de coalizões. A porta para uma colaboração com os islamitas, no entanto, não está completamente fechada.
Temas – Apesar da polarização entre Nidaa Tunis e Ennahda, a disputa eleitoral no país foi morna, com muitos tunisianos desapontados com as batalhas políticas que atrasaram a votação, prevista originalmente para outubro de 2012, em dois anos. Na campanha, os partidos se concentraram em dois grandes temas: a segurança, num momento em que a Tunísia tem testemunhado o surgimento de grupos jihadistas responsáveis por ataques que mataram dezenas de membros das forças de segurança, e a economia, que permanece anêmica e ferida pelo desemprego e a miséria.
(Com agências France-Presse e EFE)