Paradeiro de presidente do Iêmen é desconhecido
Abd-Rabbu Mansour Hadi tinha transferido seu governo para a cidade de Áden após o avanço dos houthis. Crise pode ultrapassar fronteiras do país e se espalhar para outros países da região
O presidente do Iêmen, Abd-Rabbu Mansour Hadi, fugiu nesta quarta-feira de sua residência na cidade de Áden e seu paradeiro é desconhecido, segundo informou o Ministério da Defesa do movimento xiita dos houthis. Em comunicado, o órgão de Defesa dos houthis alertou que Hadi poderia escapar do país por via aérea ou terrestre, e ofereceu uma recompensa, de cerca de 300.000 reais, a quem o capturar.O presidente Hadi, que apoiou a campanha dos EUA de ataques aéreos contra um braço Al Qaeda com base no Iêmen, tinha o respaldo da comunidade internacional para se manter no cargo.
Nas últimas horas, os houthis assumiram o controle de Al Huta, capital da província de Lahech, a 50 quilômetros de Áden. O movimento xiita também conquistou a estratégica base militar de Al Anad, em Lahech, onde se encontravam grande parte das tropas e milícias tribais sulinas que defendem Hadi. O presidente estabeleceu a sede de seu governo em Áden após fugir da capital Sana em 21 de fevereiro, após a cidade ser tomada pelo movimento xiita. Em Áden, Hadi se retratou no mês passado de sua renúncia e anunciou que continuava sendo o presidente legítimo do país, em oposição ao que tinha sido determinado pelos houthis.
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O Iêmen enfrenta um período de muita turbulência política, com grupos rivais dentro do governo e ainda com o avanço de grupos islamitas radicais. A ascensão ao poder do grupo houthi, apoiado pelo Irã, desde setembro do ano passado, aumentou as divisões da complexa rede de alianças políticas e religiosas do país, dividiu o Exército e deixou o país em uma situação similar a uma guerra civil.
Risco de guerra – A Arábia Saudita está transportando equipamento militar pesado, incluindo artilharia, para áreas próximas à fronteira com o Iêmen, disseram autoridades dos Estados Unidos nesta terça, elevando o risco de que a maior potência de petróleo do Oriente Médio seja arrastada para o conflito iemenita. A ação ocorre após um avanço para o sul de militantes xiitas houthis. O conflito corre o risco de tornar-se uma guerra com os xiitas do Irã apoiando os houthis, e Arábia Saudita e as demais monarquias sunitas regionais apoiando Hadi.
Os armamentos movidos pela Arábia Saudita poderiam ser usados para fins ofensivos ou defensivos, disseram duas fontes do governo dos EUA. Dois outros funcionários americanos afirmaram que a ação parecia ser defensiva. A iniciativa militar da Arábia na fronteira do Iêmen foi descrita como “significativa” pelas fontes, que falaram à agência Reuters sob condição de anonimato.
(Da redação)